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cony@uol.com.br
  21 de novembro
  Peste medieval
   
   
 

Uma ladaínha que me ensinaram a rezar rogava a Deus que nos livrasse da fome, da peste e da guerra. Fome e guerra eu sabia mais ou menos o que eram, embora nunca tenha experimentado pessoalmente uma ou outra. Mas o que seria peste?

Fiquei sabendo mais tarde. Na Antiguidade, mas principalmente na Idade Média, quando começaram as grandes concentrações urbanas em torno dos castelos e burgos, uma epidemia súbita podia matar todo mundo em menos de uma semana. Era o terror.

A medicina moderna conseguiu evitar ou diminuir o risco de pestes letais. A higiene, os antibióticos e outros avanços técnicos praticamente acabaram com a possibilidade de pestes misteriosas que destruíam comunidades inteiras.

Sim, mas na vida virtual que estamos começando, vivemos uma espécie de risco medieval diante dos inúmeros e supreendentes vírus que de uma hora para outra podem infectar nossa comunicação tecnológica.

E estamos tão despreparados para enfrentar esses micróbios invisíveis como o homem antigo diante de surtos epidêmicos que podiam acabar com ele e com a família inteira. Nada podia se fazer, além de rezar e socorrer os moribundos que estrebuchavam nas ruas, vitimados inesperadamente pelo vírus desconhecido da conhecida peste que matava a todos.

É o que está acontecendo com nós outros, em tempos de Internet e e-mail. De repente, quando pensamos estar no melhor da festa, um vírus letal nos derruba e ficamos moribundos, caídos à beira da estrada, sem nada receber ou dar. Retornamos ao nosso estágio de ilhas, cercados de silêncio e nada por todos os lados.

Não sei quando nem como virá a higiene do espaço virtual, com suas instalações sanitárias e estações de tratamento dos mananciais. Não nasceram ainda o Pasteur e o Fleming que nos livrarão de todo o mal, amém.

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