Barrichello sentiu na pele o momento da Ferrari, ontem, em
Spa-Francorchamps. Um magro nono lugar, em uma pista em que
normalmente os carros da escuderia andam bem.
Schumacher não passou da quinta colocação, atrás de Herbert,
verdadeira mosca branca no primeiro pelotão, e Villeneuve.
E, isso tudo, com motor novo, evolução do que foi usado na
classificação em Budapeste _este, por sua vez, será usado
na corrida, amanhã, apesar da pouca quilometragem em testes.
Sem falar nas pequenas inovações, aquelas que são imperceptíveis,
mas que acabam entrando no carro no desespero, a única palavra
que pode descrever a situação da Ferrari neste momento.
Claro, tudo pode mudar na classificação de hoje ou até mesmo
na corrida de amanhã, afinal, Spa é um daqueles poucos circuitos
do calendário onde o lugar-comum "tudo pode acontecer" é válido,
mesmo contra a modorrenta lógica da F-1 atual.
O que evidencia a crítica situação da equipe, porém, é a diferença
entre os dois pilotos ferraristas.
Quase uma obviedade, quanto maior for a demanda de Schumacher
por desempenho, tanto maior será a sonegação à performance
de Barrichello.
E isso não acontece por falta de recursos nem pela natural
predileção da escuderia pelo alemão. Acontece porque, em momentos
como este, o planejamento vai para o espaço, e qualquer parafuso
novo que possa dar um décimo de segundo, para o carro que
precisa ganhar _adivinhe qual?.
Pelo demonstrado em Spa, a Ferrari deve a Barrichello vários
parafusos. Uma situação difícil para o brasileiro, que não
pode abrir a boca, como já fez várias vezes nesta temporada,
pois nem ao alemão o time está conseguindo satisfazer de verdade.
E se Schumacher começar a reclamar depois da corrida em Spa,
tenha certeza de que a Ferrari vai ficar mais um ano na fila.
O país pode ter mais um campeão na manhã de hoje. Líder do
Internacional de F-3000, Bruno Junqueira corre nesta manhã
pelo título na décima e decisiva etapa do campeonato, em Spa,
logo após a classificação da F-1.
Sem querer desmerecer o esforço do piloto brasileiro, que
de fato merece ser campeão, a pergunta que fica é: e daí?
Descrita efusivamente como último degrau para a F-1, a categoria,
nos últimos anos, se tornou um verdadeiro fosso, no qual uma
enorme quantidade de pilotos é consumida sem que alguém alcance
a outra margem.
A ponto de alguns, como Montoya, atravessarem o Atlântico
para poder provar na Indy que têm talento _Junqueira, aliás,
é um dos que seguirão a receita.
Ecclestone banalizou a F-3000. E a entrada dos times da F-1
apenas criou um vil mecanismo para reter passes de jovens
pilotos.
Programa para quem gosta realmente da coisa. Antes dos 500
Quilômetros de Interlagos, amanhã, no autódromo paulistano,
corrida de carros antigos.
Na lista de entradas, entre outras raridades, o Karmann-Ghia/
Porsche que já foi de Pace.
NOTAS
Diniz
Dizem que o piloto está vivendo situação inédita em sua carreira:
falta de patrocínio. A exemplo do que já fez com o Palmeiras,
a Parmalat também estaria encerrando seu projeto na F-1. Diniz
tem poucas chances de ficar na Sauber. Negocia com a Arrows
e também com a Prost.
Zonta
Dispensado pela BAR, Ricardo Zonta é outro que corre atrás
de vaga para 2001. Ontem, em Spa, foi visto ao lado de seu
empresário, Geraldo Rodrigues, conversando com a cúpula da
Arrows.
Aniversário
A Minardi completa 250 GPs na Bélgica. Em todos esses anos,
apenas 28 pontos ou menos da metade que Hakkinen conseguiu
só nesta temporada. No currículo, a honra de ter revelado
alguns "talentos", como Fisichella e Trulli.
E-mail: mariante@uol.com.br
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