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19/01/2004
-
03h59
Orgulho nacional, e não é sem motivo, o teatro Colón, em Buenos Aires, não pára. Quando não é a manutenção da fachada, é algum espaço interno que ganha restauração. Para além do que se pode ver da rua, da platéia ou dos balcões, o teatro é mais do que uma bela construção em estilo renascentista (apesar de ser de 1908) e uma senhora casa de ópera: guarda, em sete andares abaixo do rés-do-chão, toda a sua história e o seu engenho.
O Colón é mais antigo do que seu prédio, no entanto. Foi inaugurado em 27 de abril de 1857, na praça de Mayo, com uma montagem da "La Traviata", de Giuseppe Verdi (1813-1901). O edifício foi projetado para 2.500 espectadores por Carlos E. Pellegrini, pai do futuro presidente da República Carlos Pellegrini, e foi vendido em 1888 ao Banco da Nação Argentina por 950 mil pesos, usados para a construção da nova sede, de proporções bem maiores e inaugurada 20 anos mais tarde, desta vez com "Aida", de Verdi.
Numa visita guiada que dura cerca de uma hora e pode ser feita em espanhol ou em inglês, é possível percorrer as extensas e luxuosas galerias de mármore de diversas procedências européias (Itália, França, Portugal e Bélgica), conhecer os assentos da platéia, os balcões, os que são reservados às autoridades e ainda espiar as "baignoires" --uma seção pouco abaixo do nível da platéia que, escondida por trás de grades de bronze, era destinada às pessoas em luto ou àquelas que simplesmente não queriam ser vistas em público. Atualmente, às vezes servem a transmissões radiofônicas do que se executa no teatro.
O subsolo do Colón, que se estende por baixo da movimentadíssima avenida 9 de Julio ("a mais larga do mundo", ouve-se a cada punhado de horas), foi ampliado nos anos 70 e guarda cerca de 20 mil pares de sapatos, cenários, figurinos e instrumentos musicais --algumas das valiosas peças do teatro estão expostas em vitrines de vidro no hall de entrada, onde há também fotografias e autógrafos de personalidades da música que por ali passaram.
No subsolo, fica uma reprodução em tamanho real do palco para ensaios do corpo de baile do teatro. Ali, há equipes inteiras de costureiros, marceneiros, pintores, enfim, tudo que dá vida ao teatro que homenageia o descobridor da América no nome.
Mas tudo isso pode perder um pouco do sentido sem que o visitante assista a pelo menos um espetáculo no Colón, pois a visita às suas entranhas funciona mais ou menos como um "making off".
Para isso, não faltam oportunidades: o teatro oferece temporadas de ópera, ópera de câmara, balé e concertos da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires.
Em 2004, as apresentações começarão no fim de fevereiro, dentro da "temporada de verão", com as óperas "Carmen", de Georges Bizet (1838-1875), e "Hänsel e Gretel" ("João e Maria"), de Engelbert Humperdinck (1854-1921), além do balé "Coppélia".
Teatro Colón: Libertad, 621, tel. 00/xx/ 54/11/4378-7132; www.teatrocolon.org.ar; visitas guiadas: 7 pesos; 2 pesos (pessoas de cinco a 17 anos).
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Teatro Colón revela suas entranhas em visitas guiadas
da enviada especial da Folha de S.Paulo a Buenos AiresOrgulho nacional, e não é sem motivo, o teatro Colón, em Buenos Aires, não pára. Quando não é a manutenção da fachada, é algum espaço interno que ganha restauração. Para além do que se pode ver da rua, da platéia ou dos balcões, o teatro é mais do que uma bela construção em estilo renascentista (apesar de ser de 1908) e uma senhora casa de ópera: guarda, em sete andares abaixo do rés-do-chão, toda a sua história e o seu engenho.
O Colón é mais antigo do que seu prédio, no entanto. Foi inaugurado em 27 de abril de 1857, na praça de Mayo, com uma montagem da "La Traviata", de Giuseppe Verdi (1813-1901). O edifício foi projetado para 2.500 espectadores por Carlos E. Pellegrini, pai do futuro presidente da República Carlos Pellegrini, e foi vendido em 1888 ao Banco da Nação Argentina por 950 mil pesos, usados para a construção da nova sede, de proporções bem maiores e inaugurada 20 anos mais tarde, desta vez com "Aida", de Verdi.
Numa visita guiada que dura cerca de uma hora e pode ser feita em espanhol ou em inglês, é possível percorrer as extensas e luxuosas galerias de mármore de diversas procedências européias (Itália, França, Portugal e Bélgica), conhecer os assentos da platéia, os balcões, os que são reservados às autoridades e ainda espiar as "baignoires" --uma seção pouco abaixo do nível da platéia que, escondida por trás de grades de bronze, era destinada às pessoas em luto ou àquelas que simplesmente não queriam ser vistas em público. Atualmente, às vezes servem a transmissões radiofônicas do que se executa no teatro.
O subsolo do Colón, que se estende por baixo da movimentadíssima avenida 9 de Julio ("a mais larga do mundo", ouve-se a cada punhado de horas), foi ampliado nos anos 70 e guarda cerca de 20 mil pares de sapatos, cenários, figurinos e instrumentos musicais --algumas das valiosas peças do teatro estão expostas em vitrines de vidro no hall de entrada, onde há também fotografias e autógrafos de personalidades da música que por ali passaram.
No subsolo, fica uma reprodução em tamanho real do palco para ensaios do corpo de baile do teatro. Ali, há equipes inteiras de costureiros, marceneiros, pintores, enfim, tudo que dá vida ao teatro que homenageia o descobridor da América no nome.
Mas tudo isso pode perder um pouco do sentido sem que o visitante assista a pelo menos um espetáculo no Colón, pois a visita às suas entranhas funciona mais ou menos como um "making off".
Para isso, não faltam oportunidades: o teatro oferece temporadas de ópera, ópera de câmara, balé e concertos da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires.
Em 2004, as apresentações começarão no fim de fevereiro, dentro da "temporada de verão", com as óperas "Carmen", de Georges Bizet (1838-1875), e "Hänsel e Gretel" ("João e Maria"), de Engelbert Humperdinck (1854-1921), além do balé "Coppélia".
Teatro Colón: Libertad, 621, tel. 00/xx/ 54/11/4378-7132; www.teatrocolon.org.ar; visitas guiadas: 7 pesos; 2 pesos (pessoas de cinco a 17 anos).
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