É fria
Para amenizar as temperaturas, confira versões refrescantes de sopas; saiba dicas e receitas para prepará-las em casa e onde prová-las
Imagine a sensação de deixar o asfalto pelando, com termômetros que passam dos 30º C, e entrar em um lugar fresquinho.
Faminto, encher a boca com um caldo ralo (mas mais consistente do que um suco) e salgado, de aroma intenso, sabor ácido e vegetal, com um pouco de creme (queijo de cabra, talvez?), e pedacinhos crocantes.
É tempo de sopas... frias.
"Aqui, há pouca tradição --ainda estamos aprendendo a tomar sopas--, mas os horizontes da gastronomia estão sendo ampliados. Quando fria, como um shot' [dose pequena, para tomar de uma vez] de entrada, é refrescante, saudável e sofisticada. Tem tudo a ver com a cozinha de hoje", diz a chef Ana Soares, do Mesa III, que elabora mais de uma receita enquanto conversa sobre o assunto com a Folha.
Com a chegada do calor, alguns restaurantes de São Paulo estão colocando os caldinhos gelados no cardápio. Há 20 dias, o novo Tuju, na Vila Madalena, integrou ao menu-degustação um gaspacho de tomate e melancia com marisco branco. Preparado diariamente leva apenas ingredientes crus. "Às vezes servimos o gaspacho no dia seguinte, quando ele ganha acidez, fica ainda mais saboroso", explica Ivan Ralston. O chef finaliza a sopa fria com um espetinho de tomate, melancia marinada em bloody mary e mariscos, além de pedacinhos de pão frito e azeite.
A porção maior, também no cardápio e fora do menu-degustação, custa R$ 18.
De origem espanhola, o gaspacho em sua versão mais popular (da Andaluzia) leva em sua base tomate, pepino, pimentão, cebola, miga de pão, alho, vinagre e azeite. E se toma frio. No livro "Gazpacho", de Alberto Herráiz (Akal Ediciones), a receita é definida como uma "sopa fria, elaborada com produtos crus, cozidos ou ambos, com ou sem tomate, triturados com pão e vinagre, emulsionados com azeite e de consistência mais ou menos cremosa, de acordo com a quantidade de líquido que se incorpore para diluí-lo". Diante da versatilidade, o termo aparece em cardápios como um sinônimo de sopa fria.
"É mais fácil dizer que é um gaspacho, que tem ingredientes específicos, é ácido e gelado. Mas há outras versões de sopa fria no Mediterrâneo e até no Japão. O importante é que seja aromática, já que o frio não realça tantos sabores, e que brinque com texturas", diz Marina Hernandez, professora da escola Wilma Kövesi.