Crítica restaurante
Gajos combina clima de tasca com bons preços
Misto de bar e restaurante, casa tem boa oferta de petiscos, além de pratos de bacalhau com boa textura e em conta
Há modalidades de restaurante que devem continuar para sempre na cidade, mas dificilmente expandir seu número, como as tradicionais cantinas italianas; outras, parecem ganhar um crescente espaço, ainda que lentamente --é o caso das tascas portuguesas e ibéricas, terreno onde se move o novo Gajos, em Moema, na zona sul.
Trata-se, neste caso, de combinar as funções de bar e restaurante --há mesinhas descontraídas do lado de fora, uma carta de coquetéis e de vinhos mais extensa, mas, ao mesmo tempo, um cardápio de pratos para refeições completas, confeccionadas numa cozinha bem montada.
O ambiente descontraído de tasca combina também com outra das tendências dos novos restaurantes portugueses da cidade: afastar-se dos preços muito altos que geralmente estão associados a produtos como bacalhau e frutos do mar.
Aqui, raros pratos passam dos R$ 50, e os de bacalhau, quando em lascas, ficam abaixo dos R$ 40, mesmo usando produtos que sejam de alta qualidade.
A casa de esquina foi montada pelos proprietários do Don Pepe di Napoli (que, naquele ponto, tiveram o Pepito) em sociedade com um ex-funcionário do também ibérico Adega Santiago, Dirceu Junior Pereira.
Para implantar a cozinha, como consultor, foi convidado o chef paranaense Alexandre Vicki, 45, que já trabalhou em restaurantes em Portugal e, aqui no Brasil, esteve também em hotéis do grupo português Pestana (hoje chefia o hotel Mercure de Goiânia).
OPÇÕES DE PRATOS
Há uma variada oferta de petiscos, para quem fica mais no clima de bar --mas também podem servir como entradas: os bolinhos de bacalhau (mas com pouco gosto do peixe), as macias moelinhas de frango com molho de tomate, cebola e alho (irresistíveis para mergulhar o pão, que poderia ser melhor) e a sardinha portuguesa grelhada, suculenta. Além de polvo à galega (com páprica), alheira e camarões ao alho e óleo.
O bacalhau, cuidadosamente dessalgado, chega a perder um pouco a necessária salinidade, mas mantém toda a textura --e vem à mesa em postas (como a receita da casa, assado com batata, cebola, brócolis e ovo); em lascas (à Gomes de Sá, com batata cozida, cebola, azeite e ovo); ou então desfiado (como na receita à Brás, com batata palha e ovo).
Há também um capítulo dedicado aos arrozes, como o arroz de pato, com a ave desfiada com tomate, cebola, chouriço e bacon, bem molhadinho (até demais).
E do mar vem um prato de portentoso polvo à lagareiro, meio polvo grelhado (e bem macio) acompanhado de batatas ao murro, alho, pimentões e coentro.
Com as sobremesas, a casa sugere ainda diferentes vinhos doces da terrinha.
GAJOS (regular)
ENDEREÇO al. dos Arapanés, 1.307, Moema, zona sul; tel. (11) 5543-9749
HORÁRIO seg. a qui., das 12h às 15h30 e das 19h às 24h; sex. a dom., das 12h às 24h
AMBIENTE amplo e descontraído, evocando as tascas ibéricas, com mesas altas na calçada
SERVIÇO tranquilo
VINHOS cerca de 200 rótulos, majoritariamente ibéricos
PREÇOS couvert, R$ 7,80; entradas, de R$ 15 a R$ 59; pratos principais, de R$ 31 a R$ 120 (serve duas pessoas); acompanhamentos, de R$ 9 a R$ 12; sobremesas, de R$ 8 a R$ 18