Crise da água
Sabesp passa a contabilizar 2º volume morto
Empresa adicionou dados da cota extra de água ao índice do Cantareira, apesar de ainda não usar a reserva
Retirada de água já foi autorizada por órgãos federal e estadual, mas companhia ainda não começou a captá-la
A Sabesp divulgou nesta sexta-feira (24) o índice do sistema Cantareira já contabilizando a segunda cota do volume morto, apesar de a reserva técnica ainda não estar sendo usada.
O "volume morto" é a água das represas que, por ficar abaixo do ponto de captação, é puxada por bombas.
Foram acrescidos 10,7 pontos percentuais da segunda cota do volume morto.
Com a medida, o sistema, que operava com 2,9%, "saltou" para 13,6% às vésperas da eleição.
Essa segunda reserva adicionará 106 bilhões de litros ao sistema que abastece parte da Grande São Paulo.
A Sabesp informou que, apesar de incorporar os dados da segunda cota do volume morto, a reserva ainda não está sendo captada, pois o reservatório ainda não secou totalmente.
"A companhia esclarece que o volume não está sendo bombeado, pois ainda existem 28 bilhões de litros da primeira parte da reserva técnica", diz nota da estatal.
De acordo com a ANA, a Sabesp já retirou parte da segunda cota do volume morto da represa Atibainha, que faz parte do sistema.
Apesar dessa retirada, o governador afirmou esperar que o manancial não seja utilizado. "Eu acho que talvez a gente nem precise da segunda reserva técnica porque nós já passamos o período mais seco e temos ainda 2,9% do sistema", disse.
ÁGUA NO PALÁCIO
Ele voltou a negar que haja desabastecimento. "O abastecimento de água está garantido na região metropolitana de São Paulo. Não tem racionamento e não tem desabastecimento", disse.
Questionado pela Folha se já havia enfrentado falta de água, respondeu: "Não".
A situação também é crítica no sistema Alto Tietê, que opera com 8%, segundo dados da Sabesp. Se não tiver chuva, a água desse sistema pode acabar em dois meses
O mês de outubro deve terminar com menos da metade das chuvas previstas para a região do Cantareira.
Segundo dados da Sabesp, a média histórica de chuvas para o mês nas represas do sistema é de 130,8 mm. Até esta sexta, o reservatório havia recebido apenas 25 mm, ou 19% do esperado.