Foco / Crise da água
Crise leva morador de favela a comprar galão de água mineral
A crise hídrica criou um novo mercado consumidor para o comércio de água mineral: a parcela da população com menor poder aquisitivo. É o que dizem alguns distribuidores de São Paulo.
Dono de um depósito de água na Penha, zona leste, Paulo Roberto Murda, 58, afirma que no verão do ano passado vendia cerca de 250 garrafões de 20 litros por semana. Hoje, comercializa em média 1.000 unidades.
"Cresceu muito a procura de quem tem menor poder aquisitivo, porque é nessas regiões que falta mais água."
Segundo ele, alguns clientes estão parcelando o pagamento em duas ou três vezes no cartão de crédito, o que não era comum antes.
No início de novembro, o preço do galão (só a água, sem a embalagem) subiu de R$ 7 para R$ 8 na loja.
Milton Ferreira, 60, gerente de outra distribuidora no mesmo bairro, também diz que o público mudou. "Os moradores das favelas da região, que não compravam antes, passaram a comprar."
Ele vendia em média 210 galões de 20 litros por semana. Neste mês, está vendendo cerca de 300, a R$ 8. Em outro comércio da região, a venda saltou de 700 unidades por semana para 1.000.
No Capão Redondo (zona sul), o dono de distribuidora João Rodrigues, 45, aumentou o preço do galão de 20 litros de R$ 8,99 para R$ 10,99.
Ele conta que alguns fornecedores já avisaram que vão estabelecer um limite de venda. "Eles acham que não vão dar conta de conseguir água para todo mundo."