Não há indícios de abuso em alunas, aponta laudo
Ex-monitor de colégio de Barueri é acusado de molestar meninas de 3 anos
Perícia só foi juntada ao processo após a Folha noticiar o caso; à TV, mãe de menina reiterou a versão das crianças
Laudos periciais feitos há sete meses e juntados somente na semana passada ao processo judicial afirmam que não há nenhum elemento que comprove a ocorrência de abuso sexual nas três crianças que, segundo a polícia, foram molestadas por um ex-monitor de escola.
O ex-monitor Antônio Bosco de Assis, 44, está preso desde 8 de maio acusado de tocar e introduzir o dedo na vagina de três alunas de três anos, dentro do colégio Mackenzie, em Barueri, na Grande SP.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o abuso ocorreu em 22 de abril, em uma sala de educação física.
Os laudos do IML só foram anexados ao processo na última terça (18), data em que a Folha revelou que Antônio estava preso com base apenas nos relatos das crianças.
A sentença, prevista para a semana passada, terá de esperar até que as partes se manifestem sobre os laudos. Nesta segunda (24), a defesa impetrou um habeas corpus no Tribunal de Justiça para que o réu aguarde em liberdade. Ainda não há decisão.
Os exames médicos foram feitos em 1º de maio, cerca de dez dias após o suposto crime, e concluídos naquele mês.
A Polícia Civil afirmou que não estavam no processo porque "não eram fundamentais para comprovar a principal tese da investigação: a de que as crianças teriam sofrido abusos". Segundo a polícia, alguns tipos de abuso podem, às vezes, não deixar marcas.
Também na terça (18), foi anexado ao processo o laudo do exame feito pelo Instituto de Criminalística no computador de Antônio. Os peritos não encontraram material referente a pedofilia. O resultado, porém, é inconclusivo, devido à grande quantidade de imagens em geral existentes.
Para a acusação, as principais provas contra Antônio são um laudo psicológico e o reconhecimento do réu pelas vítimas. Ao "Jornal Nacional", a mãe de uma das crianças disse que desde o começo do ano a filha se queixava de ir à escola e tinha assaduras.
A defesa diz que Antônio é inocente e que as meninas, ao se referirem a ele como "tio malvado", confundiram realidade e fantasia: o réu fez o papel de um garoto malvado numa peça da escola em abril.
Nesta segunda (24), 15 pais de alunos fizeram um ato em defesa de Antônio em frente ao colégio com cartazes como: "Façam justiça com imparcialidade" e "Cadê as filmagens?" --referência à ausência de imagens das câmeras da escola na investigação. O colégio não se manifestou.