Fuvest diz que crise da água em SP é política
Aplicada neste domingo, prova que seleciona alunos para USP e Santa Casa teve 90 questões de múltipla escolha
Governo de São Paulo não se manifestou sobre a pergunta; candidatos acharam o exame difícil
A resposta a uma pergunta da primeira fase do vestibular da Fuvest, realizado neste domingo (30), afirmou que a crise da água na Grande São Paulo é de natureza "ecológica" e "política".
Em uma das 90 questões do exame, que seleciona alunos para a USP e a Santa Casa, era apresentado um texto que comparava a situação à seca histórica de 1953, "que servia de parâmetro para os técnicos dos governos estadual e federal".
Em seguida, pedia-se que o candidato escolhesse uma das cinco alternativas sobre a natureza da crise. A resposta certa, segundo o gabarito, é: "ecológica e política, posto que a reposição de água dos reservatórios depende de fatores naturais, assim como do planejamento governamental sobre o uso desse recurso".
O tema é considerado sensível por ter sido explorado nas eleições deste ano. Opositores acusaram os sucessivos governos tucanos em São Paulo de falta de planejamento; já a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) alegava se tratar de uma seca histórica.
Procurado, o governo paulista informou que a Fuvest tem liberdade para elaborar a prova e que não iria comentar a questão.
Para Marcelo Dias Carvalho, coordenador do Etapa, a inclusão do assunto pela Fuvest é relevante. "É a primeira vez que o tema aparece nos vestibulares neste ano", diz.
Mas, de forma geral, os professores disseram não ver na prova uma crítica ao atual governo. "Existe uma questão climática sendo abordada", afirma Luís Ricardo Arruda, coordenador do Anglo.
"Não compromete ninguém, pois é bem clara e as alternativas são fáceis", diz Vera Lúcia da Costa Antunes, do Objetivo.
PROVA EXIGENTE
Educadores afirmaram que a prova foi difícil, com destaque para as questões de física e matemática. "Exigiu que o aluno dominasse as matérias mesmo. Não era pra quem estava tentando a sorte", comenta Arruda.
Foi essa também a impressão dos estudantes. "Achei a prova de humanas fácil, mas a de matemática não vou nem comentar", disse Nayara Nascimento, 17, que concorre a uma vaga em jornalismo.
"Teve bastante conta", disse Lorivaldo Daufenbach, 37, um dos candidatos.
O exame deste ano teve 10,2% de abstenção, índice menor do que o do ano passado --em que houve recorde de 11,5%. Cerca de 14,5 mil candidatos faltaram à prova.
O resultado da primeira fase sairá no dia 22 de dezembro. Os estudantes classificados farão três provas discursivas, entre 4 e 6 de janeiro.