Prefeitura diz que projeto pode ser revisto
Gestão Haddad afirma que mescla de residência e comércio é tendência, mas analisará a situação de cada bairro
Áreas que receberão casas populares, porém, não devem mudar, pois já foram definidas no Plano Diretor da cidade
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano afirma que a criação de comércios em áreas residenciais ainda está em discussão e pode sofrer alterações. O mesmo não vale para a construção de moradias populares, cujas áreas já estão definidas.
A secretaria diz que a fase é de "escancarar" e discutir os conflitos sobre o planejamento da cidade.
Já foram realizados eventos em todas as 32 subprefeituras da capital, nos quais foram recebidas milhares de sugestões. Agora, antes de o projeto ir à Câmara, ainda vão ocorrer duas audiências públicas (nos dias 14 e 21, às 19h, na Uninove Vergueiro).
A espinha dorsal do plano é estimular o uso misto --por exemplo, um prédio residencial com comércio no térreo.
A ideia é aproximar emprego, serviços e moradia, diminuindo deslocamentos pela cidade. Porém, o conceito gera reclamações de que pode trazer mais barulho e trânsito às vias locais.
"Não existe unanimidade [nas opiniões] sobre proteção dos bairros ou de transformação. A gente está olhando cada uma dessas áreas e buscando a dinâmica mais adequada para cada bairro", afirma o diretor de uso e ocupação de solo da prefeitura, Daniel Todtmann Montadon.
Em bairros como Vila Nova Conceição e Jardim América, na zona sul, moradores questionam a criação de corredores que permitem comércios. O medo é descaracterizar as regiões, residenciais e altamente valorizadas.
Segundo a prefeitura, esses corredores não terão estabelecimentos que causam grande incômodo aos moradores. "É legal morar num bairro residencial, em um ambiente calmo, mas as pessoas também querem ir a pé para a padaria, ter um pequeno mercado", diz Montadon.
As Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social), voltadas para a construção de habitação social, já haviam sido estabelecidas no Plano Diretor e, por enquanto, não há previsão de modificações.
No Tatuapé (zona leste), a demarcação de área para habitação popular tem causado revolta de moradores, que temem ser desapropriados.
Montadon explica que os efeitos da demarcação só incidem sobre os maiores lotes e que as desapropriações geralmente ocorrem só em áreas de favela, para dar lugar a ações de urbanização.
"Se forem feitos novos projetos e [pelo tamanho] incidirem em lotes que estão na regra de Zeis, terão que obedecer uma regra de destinação de área construída para habitação social", afirma.
"Mas as pessoas não vão perder o domínio da propriedade, de forma alguma", diz.
A discussão do assunto deve avançar ao longo do ano.
Na Câmara de São Paulo, vereadores devem acrescentar mudanças para beneficiar suas bases eleitorais na lei, como aconteceu no debate sobre o Plano Diretor.