Filho de Haddad quer ser visto só como mais um militante do PT
Frederico ganhou holofotes em ato contra o aumento de ônibus
Na semana passada, o filho mais velho do prefeito Fernando Haddad (PT), Frederico, se tornou, pela primeira vez e contra sua vontade, alvo de escrutínio da imprensa.
Tudo começou na segunda (5), quando foi reconhecido enquanto tentava assistir a uma aula pública do MPL (Movimento Passe Livre) no centro da cidade.
Questionado por jornalistas sobre sua presença em ato contrário ao aumento da passagem de ônibus em São Paulo, disse que estava observando e abandonou o local, gerando especulações de que estaria envolvido com um movimento crítico ao pai.
"As abordagens me deixaram desconfortável para continuar ouvindo os argumentos apresentados na aula pública. E me incomodou a repercussão que teve porque alguns interpretaram de forma equivocada minha presença lá", disse Frederico, 22.
A entrevista à Folha, realizada na prefeitura, é a primeira concedida por ele. A conversa ocorreu sob a condição de que não fosse feito nenhum tipo de imagem e de que não incluísse perguntas mais íntimas.
Não que haja sinais de conflitos com o pai. Pelo contrário: filiado ao PT há cerca de três anos, Frederico sempre demonstra que são próximos.
Em sua página no Facebook, a foto principal o mostra ao lado dele, da mãe, Ana Estela, e de Dilma Rousseff. Há outras imagens em que aparece em atividades do partido, como panfletagens.
No final do ano passado, se formou em direito pela USP, obtendo o mesmo diploma dado a seu pai 29 anos antes.
Durante os estudos, apresentou, em 2011, uma monografia sobre imunidade tributária e o Prouni, programa de bolsas para alunos de baixa renda criado quando Haddad era ministro da Educação.
Para o trabalho de conclusão de curso, Frederico escolheu outro tema caro ao pai, o transporte público --foi o interesse pelo tema que o levou ao evento do MPL, que tem "pauta legítima", diz.
Ele defende o aumento das passagens, porém, sob o argumento de que o lucro das viações é menor do que se imaginava e que aumentar o subsídio ao transporte poderia afetar outras áreas.
Disse que costuma pegar ônibus, mas, por causa do protocolo de segurança, muitas vezes precisa lançar mão do carro. Afirmou que circula muito a pé, mas não mencionou a bicicleta.
FUTURO
Com o diploma em mãos, afirmou que continuará militando na juventude do PT, mas o foco será um mestrado e estudar para concursos ligados ao direito público. Citou a Defensoria Pública como uma das possibilidades.
"Tenho a militância política desde jovem, mas a vejo em paralelo à minha vida profissional", diz.
A vivência no PT desde cedo é uma diferença com o pai. É ligado à corrente Construindo Um Novo Brasil, do ex-presidente Lula, enquanto o pai não participa ativamente de nenhuma tendência.
Frederico garante que não tem planos para se candidatar. A sua única experiência pessoal com urnas ocorreu em 2012, quando era parte da chapa "Quem vem com tudo não cansa", ligada ao PT, que disputou o Diretório Central dos Estudantes da USP, em 2012. Ganharam? "Nada, fomos muito mal votados."