Sem reforçar prevenção, Campinas tem nova epidemia
Falta de equipes é apontada como uma das causas da alta da dengue
Prefeitura diz que seguiu orientação de técnicos; com tamanho similar, Guarulhos teve 85% menos infectados
Menos de um ano após liderar o ranking da dengue no Estado e ter uma epidemia histórica, Campinas mantém o mesmo número de agentes e a mesma estratégia de combate ao vírus. Resultado: ocupa a vice-liderança em 2015 (só atrás de Sorocaba), com 22.544 casos confirmados.
A prefeitura atribui o problema ao calor e ao armazenamento incorreto de água, impulsionado pela crise hídrica. No período, porém, não adotou novas medidas.
Para especialistas e Promotoria, o número insuficiente de profissionais é uma das principais causas do alto índice da doença. O município, com 1,1 milhão de habitantes, tem apenas 134 agentes --o Ministério da Saúde estipula que haja ao menos 300.
São esses profissionais que vão de casa em casa fazer vistorias, aplicar inseticida e orientar os moradores.
Guarulhos, que tem 1,3 milhão de habitantes, conta com 927 agentes e registrou, neste ano, 3.470 casos --85% a menos que Campinas.
A promotora Cristiane Hillal estuda entrar com uma ação responsabilizando a prefeitura até o fim do mês.
Na cidade, a preocupação é grande. Duas das cinco empresas de transporte coletivo distribuem repelentes a motoristas e cobradores. Nas duas, os casos de dengue entre funcionários saltaram de três, no ano passado, para 17.
Uma das vítimas foi o motorista Roberto Bervenuto da Silva, 42. Ao menos quatro mortes por dengue já foram confirmadas, e outras cinco são investigadas.
OUTRO LADO
Carmino de Souza, secretário municipal da Saúde da gestão Jonas Donizette (PSB), afirma que a prefeitura seguiu todas as recomendações contra a dengue e deve convocar mais 20 agentes. Deve ainda fazer licitações para contratar serviços privados.