Greve dos professores chega a 60 dias com duro impasse
Sob Alckmin (PSDB), atual paralisação já é a terceira maior da história do Estado
Sindicato dos docentes quer equiparar salário a outras categorias de SP; governo até agora não apresentou proposta
A greve dos professores paulistas, que já é a terceira maior da história do Estado, completa 60 dias nesta quinta-feira (14) num duro impasse entre professores e o governo Geraldo Alckmin (PSDB).
A categoria pede reajuste de 75% (para equiparar o salário aos demais servidores do Estado com formação superior), mas o governo tucano até agora nem sequer apresentou uma contraproposta.
Segundo o sindicato dos professores (Apeoesp), o governo pretende apresentar uma proposta apenas em junho, um mês antes da data-base da categoria, num sinal de que a paralisação tende a se estender por mais tempo.
Nesta quarta-feira (13), na sétima reunião deste ano, o comando do sindicato e o secretário Herman Voorwald (Educação) mais uma vez não chegaram a um acordo.
A reportagem tentou falar com o secretário, mas não houve resposta ao pedido de entrevista. Tentou também falar com a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, mas ela não ligou de volta.
Em seu quarto mandato à frente do sindicato, Bebel, como é conhecida, não autoriza que outro membro da direção fale em nome da Apeoesp.
Se um acordo entre as partes só for firmado em meados de junho, a greve superará, em duração, a mais longa da história, ocorrida em 1989, com 80 dias parados.
Naquele ano, o acordo foi fechado no dia 7 de julho. O sindicato afirmava, então, ter acabado a greve com adesão de 25% dos 200 mil professores que compunham a rede.
No auge, a paralisação foi feita por 85% dos docentes, dizia o sindicato. O governo Orestes Quércia (PMDB) rebatia: apenas 5% dos professores tinham faltado às aulas.
A segunda maior greve do Estado foi a de 1993, com 79 dias de duração, sob a gestão de Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB), sucessor de Quércia.
O governo Alckmin tem apontado a mesma fatia de 5% de ausentes durante a greve em curso. A rede hoje tem 235 mil professores. Já o sindicato contabiliza adesão de 62% --abaixo dos 75% apontados em abril pela entidade.
Levantamento feito pela Folha na semana passada mostrou que as escolas estaduais com mais matrículas na capital têm paralisações, mas com adesão de, em média, 15% dos professores.
Além dessa guerra de números, professores e governo disputam na Justiça o pagamento ou não dos dias parados. A última vitória foi do sindicato, nesta quarta (13), após decisão do Tribunal de Justiça contra desconto do ponto.
OUTRAS DEMANDAS
O entrave está no reajuste salarial. Mas outros pontos reivindicados pelos grevistas têm avançado um pouco.
Para acabar com a superlotação das salas, a secretaria afirmou que criará uma comissão para averiguar denúncias. O sindicato defende o máximo de 25 alunos.
Diante do impasse de dois meses, os docentes em greve têm feito manifestações todas as semanas. Eles já fecharam rodovias e vias importantes do Estado e da capital, além da tentativa de invasão da Secretaria da Educação.