Diretor diz que não havia estrutura para isolar menor
Governador do Piauí pede investigação
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse nesta sexta (17) que pediu rigor nas investigações sobre o assassinato de Gleison Silva, 17, dentro de uma cela de um centro para adolescentes infratores em Teresina.
"Vou pedir investigação juntamente com o Ministério Público, o Judiciário, e outras instâncias, que com rigor apurem o assassinato. Toda perda, independente do crime que eles cometeram, toda vida humana tem valor. É muito triste ver essa situação acontecendo", disse.
Pela manhã, o diretor do centro onde Gleison foi assassinado, Francisco Hebert Neves da Cruz, havia dito que a unidade, que está superlotada, não tinha estrutura para manter o rapaz isolado.
Segundo ele, os três adolescentes confessaram ter espancado Gleison até a morte. A Folha não conseguiu localizar os defensores dos três.
Para o Ministério Público Estadual, houve "falha gritante" porque o jovem já vinha denunciando, em depoimentos, que era ameaçado pelos comparsas do crime e por outros internos.
Mas o diretor Neves afirma não ter recebido da Justiça ou do governo do Estado nenhuma recomendação para que Gleison fosse isolado.
Segundo Neves, a instituição está com 84 adolescentes, mas tem capacidade para 60. Ele diz que buscou proteger os quatro dos demais internos. "Se não colocasse os quatro separadamente, com certeza haveria quatro óbitos hoje [quinta]".
Neves disse ter perguntado aos quatro transferidos se haveria problema de ficarem os quatro no mesmo espaço. Nenhum recusou, diz. No centro anterior, Gleison estava separado dos outros.
Apontado como líder do estupro coletivo, Adão Sousa, 40, ficou ferido após uma briga, nesta quinta (16), no Centro de Detenção de Altos.
Segundo o secretário de Justiça do Piauí, Daniel Oliveira, houve uma briga entre Sousa e outro detento. Os ferimentos, segundo Oliveira, foram leves e Sousa já voltou ao presídio.