'Libera tudo e vamos ver como vai ficar isso'
Psiquiatra é contrário a mudança na legislação
O sistema de saúde pública não suporta a legalização de mais uma droga, segundo o presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), Antônio Geraldo da Silva. Para o psiquiatra, quem defende a mudança na legislação tem interesses pessoais.
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Folha - O sr. é a favor ou contra descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal?
Antônio G. da Silva - Sou contra qualquer facilitador de acesso a qualquer droga. Sou contrário ao acesso ao cigarro e ao álcool –isso não diz respeito somente à maconha. Sou médico, como posso facilitar o acesso a substâncias que causam doenças mentais? Hoje, o sistema público não consegue ter espaço para atender os alcoólatras que temos. Vamos ter o uso de mais uma droga?
O argumento jurídico é de que a droga só afeta o usuário.
Quem defende a legalização tem interesses pessoais, é usuário, ou interesses econômicos por trás. Quem produzia tabaco agora quer produzir a maconha. Estamos na contramão da história.
Algumas pesquisas mostram que descriminalizar não aumenta o número de usuários.
Não é verdade. O Brasil não comporta mais doentes. Temos 2 milhões de dependentes de maconha, libera tudo e vamos ver como vai ficar isso. Você vai entrar em um avião e vê que o comandante tem um maço de maconha no bolso. Como você vai se sentir? Pessoas responsáveis que defendem a saúde pública não concordam com isso. A maioria dessas pessoas atende empresários. Atendo famílias. A diferença é muito grande entre eu e eles. Desculpa, mas dá até antipatia de ver uma opinião dessas.