Outro Lado
Ações foram tomadas no tempo certo, diz Sabesp
Companhia afirma que cálculo da economia possível é 'descabido' e que resultados vieram de maneira gradual
A Folha questionou o Palácio dos Bandeirantes, a secretaria estadual dos Recursos Hídricos e a Sabesp sobre a economia que teria sido obtida caso as medidas para reduzir a produção de água tivessem sido implantadas desde o início do ano passado, quando a crise hídrica começava a mostrar sinais.
O Palácio e a secretaria estadual indicaram a Sabesp para responder ao questionamento. A estatal de saneamento, por sua vez, declarou que o cálculo feito pela reportagem é "descabido".
"Não é razoável ser comentarista de videotape", disse a companhia de saneamento.
A Sabesp diz que, em fevereiro de 2004, os níveis dos reservatórios da Grande São Paulo estavam mais baixos do que no mesmo mês de 2014 e que, mesmo sem a adoção de medidas como a sobretaxa na conta, "não houve problema algum".
Em fevereiro de 2004, o Cantareira chegou a um índice mínimo de 4,7% (sem contar com o volume morto).
Naquele ano, no entanto, a quantidade de água que entrava nas represas era maior, e as chuvas dos meses seguinte vieram acima da média, o que aumentou o nível dos reservatórios.
Outro argumento da Sabesp é o de que a redução da distribuição de água de 27% obtida desde o início da crise só foi possível devido a uma série de medidas adotadas desde de fevereiro de 2014.
"Os resultados das ações da companhia foram gradativos ao longo do ano e em sintonia com cenários de pluviometria de acordo com as estações climáticas. A aplicação do ônus [sobretaxa] só foi adotada como complemento no início de 2015 porque o período de chuvas (iniciado em outubro de 2014) se mostrou abaixo do esperado", diz a nota da estatal.
De acordo com a empresa, a adesão de 83% da população ao programa de bônus, por exemplo, "foi aumentando na proporção da conscientização da população, atingindo em julho deste ano o índice recorde de 6,5 mil litros por segundo".
A companhia refuta o argumento de especialistas –que chegou a ser adotado pelo presidente da Sabesp antes de atingir o posto– de que a economia de água seria maior se a sobretaxa tivesse sido implantada antes.
Ainda segundo a Sabesp, o aumento de redução de pressão, usada para combater o desperdício de água devido a vazamentos, dependeu de instalação de novos equipamentos na Grande SP.
A estatal, por outro lado, diminuiu seguidas vezes suas metas de renovação da tubulação da cidade, o que poderia minimizar a necessidade da redução de pressão.
Além disso, a Sabesp já deveria ter prontas desde 2007 medidas que diminuíssem a dependência da Grande São Paulo ao sistema Cantareira.