Eleições 2014
Laranja mentiu sobre suborno ao PSDB, diz defesa de doleiro
Advogado de Youssef afirma que seu cliente jamais trabalhou para tucanos e pede acareação
Defensor de doleiro quer confronto com auxiliar que relatou ter ouvido nomes de dois integrantes do PSDB
O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que é "mentirosa" a citação feita por um dos laranjas do esquema de que integrantes do PSDB receberam propina.
Basto entrou nesta quarta (22) com pedido de acareação entre o laranja e o doleiro.
O laranja, Leonardo Meirelles, disse em audiência na Justiça Federal nesta segunda-feira (20) ter ouvido o doleiro citar o nome de Sérgio Guerra numa conversa telefônica no escritório que tinha em São Paulo.
Meirelles contou também que havia outro parlamentar do PSDB, que era do Paraná, envolvido no esquema.
O PSDB disse em nota que defende apuração dos citados, seja de que partido for.
A Folha revelou na última quinta-feira (16) que o nome de Guerra havia sido mencionado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada como beneficiário de R$ 10 milhões do esquema.
O senador pernambucano, presidente do PSDB na época, recebeu o montante, segundo Costa, para ajudar a esvaziar a CPI da Petrobras em 2009, que apurava desvios e superfaturamentos em obras da estatal. A CPI acabou no final daquele ano sem conclusões.
Segundo o advogado do doleiro, Meirelles não conhecia Youssef na época da CPI da Petrobras ou mesmo no ano seguinte.
"O Leonardo disse em depoimento à polícia que conheceu o Youssef em 2012. Ou ele mentiu na polícia ou mentiu na Justiça."
Ainda de acordo com Basto, seu cliente jamais trabalhou para políticos do PSDB. "A colaboração do meu cliente é apartidária. Ele não está preservando ninguém, mesmo porque perderá os benefícios se ficar provado que mentiu."
Basto disse que Meirelles já mentiu antes, ao apontar que o doleiro fazia anotações em cadernos sobre suas contas no exterior. O laranja dizia isso para tentar provar que Youssef controlava as contas.
Laudo da Polícia Federal, no entanto, concluiu que Youssef "possa ter sido o autor dos algarismos questionados".
O advogado de Meirelles, Haroldo Nater, diz que seu cliente nunca mentiu em depoimentos. "Se houve mentira sobre os cadernos, então quem mentiu foi a perícia da PF."
Ele reafirma que seu cliente ouviu de Youssef menções a dois tucanos.
DOLEIRA CONDENADA
A doleira Nelma Kodama, amiga de Youssef, foi condenada a 18 anos de prisão por evasão de divisas. Nelma foi presa em março quando iria embarcar para a Itália com 200 mil euros na calcinha. Ela vai recorrer.