A rede social dos acadêmicos
Ser uma espécie de Facebook para conectar pesquisadores e compartilhar trabalhos acadêmicos é a proposta do Academia.edu, com 16,5 milhões de usuários no mundo e 850 mil visitantes brasileiros por mês.
"Não queria que meus textos definhassem no meu computador", diz o criador, Richard Price, que teve a ideia durante seu doutorado em Oxford.
O uso da plataforma é gratuito e semelhante ao de outras redes: cria-se um perfil e, a partir dele, é possível publicar artigos e aulas e seguir outros pesquisadores.
Uma ferramenta indica número de visualizações, downloads e país de origem dos acessos.
A livre postagem de conteúdo, porém, gerou problemas com a editora Elsevier. Os autores violavam direitos autorais da editora ao liberar acesso no site a artigos divulgados nos periódicos do seu catálogo. Para contornar, o Academia agora orienta a publicação apenas da "versão do autor", anterior à revisão e editoração dos periódicos, que têm direitos sobre a versão final.
O questionamento do modelo das editoras tradicionais atrai pesquisadores.
Bianca Freire-Medeiros, professora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, destaca a democratização do conhecimento que o site promove. Mas ressalva: os materiais publicados com mais acesso são em inglês, quer dizer, a barreira da língua continua.
Para Daniel Flórez-Orrego, doutorando em engenharia mecânica na USP, a plataforma não substitui as publicações tradicionais porque fraudes e plágios podem ser veiculados. O site não controla o conteúdo.
Já Freire-Medeiros diz que o risco não invalida a iniciativa. "Não sei se é o melhor caminho, mas é uma oportunidade de pensar o que estamos fazendo com o que produzimos." (FP)