Fábio Seixas
Dois campeões
Título de Hamilton foi merecidíssimo, mas a atitude de Rosberg é digna de aplausos
Abu Dhabi celebrou dois campeões.
Hamilton foi absoluto. Se havia alguma desconfiança de que sentiria a pressão, evaporou nos primeiros metros.
No último round, na corrida final, na experiência da pontuação dobrada que poderia virar o campeonato, o inglês exerceu um domínio sólido e sem piedade.
Controlou o ritmo, deu-se o luxo de poupar o carro, embolsou seu merecido segundo título mundial com 67 pontos de folga.
Tirou dos ombros, de vez, o peso pelo campeonato jogado fora em 2007. E corrigiu uma injustiça. Um título mundial era pouco para seu talento.
Mas o lance mais bonito da corrida, talvez do campeonato, veio na penúltima volta.
Rosberg se arrastava pela pista, com a Mercedes em frangalhos, quando a equipe o chamou para os boxes.
Ele havia largado na pole position, privilégio que durou quase nada. Passou a primeira parte da prova enxergando a asa traseira do companheiro. Escapou da pista. E começou a enfrentar problemas como ERS, o sistema que concentra a energia recuperada e a transforma em potência.
De quebra, estava longe do quinto lugar, a última posição que lhe daria o título em caso de tragédia com o companheiro.
Corrida perdida, campeonato perdido, sonho pulverizado. Uma questão técnica jogando por terra meses de trabalho duro, de estratégias, de complicada guerra psicológica.
Não havia mais o que fazer. Ou havia?
Havia. Pelo rádio, o alemão rejeitou a ordem da equipe e disse que completaria a prova.
Queria viver o campeonato até o fim, terminar o que começou, fechar seu melhor ano na F-1 com dignidade.
Cruzou a linha de chegada na 14ª colocação, uma volta atrás de Hamilton e de outros 11 competidores.
Mas com o peito estufado. Com sensação de dever cumprido. Dando uma aula de esportividade a um esporte que tanto esquece disso.
Voltou para casa de cabeça erguida. Foi, à sua maneira, campeão. Um grande campeão.
STOCK
O principal campeonato de esporte a motor no Brasil resolve seu campeonato no final de semana, em Curitiba, com pontuação dobrada e oito pilotos ainda respirando chances de título.
Pode dar uma zebra, claro, mas a realidade mostra três nomes com mais possibilidades de levantar a taça da Stock Car.
Barrichello lidera a classificação e é o grande favorito. Um quarto lugar lhe dá o primeiro campeonato desde a F-3 inglesa, em 1991. Sim, lá se vão 23 anos.
Terceiro colocado na tabela, Camilo é o piloto com mais vitórias na temporada: três. Entre ambos, está Átila, que liderou o campeonato durante cinco etapas.
Para alívio de todos, a previsão é de céu nublado, mas tempo seco. No final de agosto, um temporal transformou a corrida em caos.