Análise
Negócio foi além da questão técnica e virou briga de egos
Ao fim da novela em torno da contratação de Dudu, quem se deu bem mesmo foi o próprio Dudu.
Jogador que não é nome de ponta no futebol brasileiro (pode vir a ser, mas ainda não é), com direitos presos a clube periférico da Europa (Dínamo de Kiev, da Ucrânia) e que marcou só três gols no último Brasileiro, tornou-se o maior sonho de consumo de três grandes times paulistas.
A disputa de egos foi vencida pelo Palmeiras. Nos últimos anos, a equipe ficou incomodada em ser superada por adversários na aquisição de reforços. Neste domingo (11), deu o troco.
E foi com estilo. Em uma tacada só, deixou para trás seus dois principais rivais.
Entre os interessados em Dudu, quem tinha melhores condições financeiras para fazer o investimento é o clube que menos precisa dele no quesito técnico: o São Paulo.
O Corinthians faria bom uso do atacante, que atua pelos lados do campo e é veloz. Mas não tem atualmente condição de se comprometer a desembolsar R$ 13 milhões.
É um clube que deve direitos de imagem para o elenco e precisa quitar dívidas com Mano Menezes, que foi embora no ano passado. Em julho de 2015, terá de pagar parcela de R$ 100 milhões pela construção do seu estádio.
Mesmo contando as horas para deixar a presidência (como disse à Folha), Mario Gobbi teve bom senso ao brecar o já encaminhado acerto por Dudu --por mais que seja criticado até por aliados, como Gobbi vem sendo.
Dudu foi a arma que o Palmeiras usou para fazer seu torcedor se sentir bem. Contratar o atleta que era alvo dos rivais massageia a autoestima alviverde.
Se o palmeirense ficou feliz, o são-paulino deve se sentir indiferente, e o corintiano deve respirar aliviado (não todos, mas certamente o corintiano responsável). Dudu, enfim, é o grande vitorioso.