Salto para o Rio
Fabiana Murer ganha medalha de prata no Mundial, apaga drama em Pequim e projeta disputa olímpica com cubana
A brasileira Fabiana Murer, 34, conseguiu repetir a melhor marca da carreira e levou a prata no salto com vara no Mundial de Atletismo de Pequim, na noite desta quarta-feira (manhã no Brasil).
Repetindo o resultado do Pan de Toronto, no mês passado, Fabiana foi vencida pela cubana Yarisley Silva.
Dessa vez, no entanto, as duas saltaram mais alto.
Yarisley chegou a 4,90 m e Fabiana, a 4,85 m, marca que tinha alcançado apenas em 2010 e em 2011 (quando foi ouro no Mundial de Daegu).
O bronze em Pequim foi para a grega Nikoléta Kyriakopoúlou, que saltou a 4,80 m.
Fabiana afirmou que, ao entrar no estádio Ninho de Pássaro nesta quarta, não pensou na frustração que sentiu no mesmo local há sete anos, durante os Jogos de Pequim. Em 2008, uma de suas varas sumiu, Fabiana se desconcentrou e amargou somente a décima posição.
O sumiço da vara é descrito dramaticamente no site da saltadora: "Depois disso, a brasileira não podia ouvir falar da China –nem mesmo as lembrancinhas que trouxe queria distribuir."
"[Agora] entrei com uma experiência diferente, já se passaram muitos anos. Mas a sensação foi a mesma quando entrei para a final [em 2008], que eu ia ter uma medalha. Lógico, a saída agora é bem diferente", festejou Fabiana ao final da competição.
A rodada de saltos a 4,70 m foi um dos momentos mais tensos da prova, pois quase eliminou a cubana. Enquanto Fabiana acertou o primeiro salto, Yarisley só conseguiu ultrapassar o sarrafo na terceira e última tentativa.
Fabiana chegou a liderar a contenda, mas não conseguiu saltar a 4,90 m, o que deu a vitória à caribenha. Sozinha, Yarisley ainda tentou passar o sarrafo a 5,01 m, sem sucesso. "Não foi dessa vez. Sinto que posso fazê-lo a qualquer momento", disse a cubana.
ENCONTRO MARCADO
Ela e Fabiana devem se encontrar nas pistas antes dos Jogos do Rio-2016, mas estão de olho é na medalha olímpica. Despontam como grandes favoritas. Das duas, só a cubana já subiu ao pódio dos Jogos –prata em Londres.
Ambas têm sido as mais regulares atletas deste ciclo e até mesmo apresentam evolução similar de marcas (veja gráfico nesta página).
Se Fabiana conquistou a Liga Diamante, circuito mais importante do atletismo, em 2014, Yarisley tem a melhor marca deste ano (4,91 m).
A rivalidade entre ambas começou no Pan de Guadalajara, em 2011, quando a cubana surpreendeu a paulista, que vinha do ouro em Daegu, e triunfou na prova.
A norte-americana Jennifer Suhr, atual campeã olímpica e que poderia interferir na briga, atravessa má fase. Não foi ao pódio em Toronto e tampouco na China.
DESPEDIDA NO RIO
"Ano que vem vai ser o último [em que vou competir]. Quero terminar com uma medalha olímpica, não importa a cor", disse a brasileira.
Questionada sobre quem seria sua grande adversária nos Jogos, Fabiana diz ser cedo para essa avaliação. O marido e técnico, Elson Miranda, dá uma resposta semelhante. "Não dá para dizer. Até o ano passado, a cubana não estava fazendo muito."
Para Yarisley, os Jogos do Rio em 2016 serão "emocionantes" e possivelmente terão resultado semelhante. "Sei que a Fabiana vai estar muito preparada, mais do que agora", avalia a cubana.
Fabiana ainda cita a possibilidade de competir, no Rio, com a russa Ielena Isinbaieva, afastada para o nascimento da filha. "Ela pode estar na faixa dos 4,90 m ou 5,0 m, não sei como ela vai voltar."