Crítica - Drama
Narrativa convencional não faz jus a tramas de 'Na Quebrada'
Inspirado em fatos reais, o primeiro longa de ficção do documentarista Fernando Grostein Andrade, conta a história de jovens da periferia de São Paulo que, além das privações materiais e do preconceito, enfrentam dramas como a violência, o narcotráfico e o abandono.
Boa parte do elenco e vários membros da equipe técnica são jovens oriundos do Instituto Criar, ONG fundada pelo apresentador Luciano Huck --responsável pela produção do filme e irmão de Fernando.
Desde 2003 a ONG oferece formação audiovisual para jovens das quebradas paulistanas, uma oportunidade para transformarem suas vidas.
As cinco histórias do filme se baseiam nas trajetórias de cinco jovens que passaram pela ONG. Zeca levou um tiro em uma chacina. Gerson só conhece o pai pelas visitas que faz à prisão. Mônica vive com os pais e o irmão, todos cegos. Júnior adora "consertar" aparelhos eletrônicos, mas é muito atrapalhado. Joana cresceu em um abrigo e quer conhecer a mãe.
Ao lado dos atores amadores, bastante convincentes, o filme tem participação especial de Gero Camilo e da italiana Monica Bellucci.
Se as histórias têm força e até humor para aliviar a tensão quase constante, e a direção de arte é bem cuidada, a organização da narrativa não está no mesmo nível.
Bastante canônica, a mise-en-scène não sai do convencionalismo, o que seria muito desejável para contar essas histórias tão intensas de luta e de amor ao cinema.