38ª Mostra de Cinema de SP
John Boorman volta com sequência tardia
Continuação de 'Esperança e Glória', filmado há 27 anos, longa é o 1º trabalho do diretor em quase uma década
Em versão mais cômica, protagonista de 'Queen and Country', que viveu infância na 2ª Guerra, se alista no exército inglês
Sequências geralmente estão associadas a super-heróis, magos ou sabres de luz. Mas não em "Queen and Country", que continua a história contada há 27 anos em "Esperança e Glória".
No filme anterior, o diretor e roteirista John Boorman, 81, contava a aventura semibiográfica de um garoto de nove anos na Londres assolada por bombardeios nazistas durante a Segunda Guerra. A continuação encontra o menino, Bill Rohan (Callum Turner), no pós-Guerra na mesma casa, mas agora com 18 anos e alistado no exército.
Boorman, que não dirigia um filme há oito anos (o último foi o pouco visto "O Rabo do Tigre"), admite que o exército é pessimista para um personagem que passou a infância desviando de bombas.
O resultado, porém, tornou-se mais cômico com a idade. "Estou mais compreensivo. Não sei por que era tão sério", brinca o cineasta responsável por obras como "Amargo Pesadelo" (1972), "Excalibur" (1981) e "O Alfaiate do Panamá" (2001).
Se o novo longa perde em urgência, já que não há um evento tão poderoso como a Segunda Guerra, ganha em ternura e em risadas.
No exército, Bill encontra um companheiro (Caleb Landry Jones). Os dois confrontam seu superior (David Thewlis) e descobrem as garotas da região. "Se tivesse escrito antes, teria saído mais raivoso", admite Boorman.
APOIO E ARMA
"Quando a guerra acabou, esperávamos mudanças mais radicais na Inglaterra. Mas a Rainha está no trono e todo mundo a ama! Menos eu."
Durante as filmagens o diretor recebeu ajuda da filha, a documentarista Katrine Boorman, para acalmar os investidores, preocupados com a idade avançada do pai.
"Foi difícil, mas bom. Andava com a bengala o tempo todo. Ela me apoia, mas é uma arma", diverte-se o britânico, que só teve um ator do longa original na sequência: David Hayman, como o patriarca dos Rohan.
Apesar do hiato, Boorman não parou: escreveu e dirigiu uma trilogia de peças radiofônicas na Irlanda com grandes nomes do cinema britânico, como Brendan Gleeson ("Coração Valente").
"Filmes exigem tempo, é chato. No rádio, você escreve e semanas depois vai ao ar."