'Ele vai à luta', diz escritor Paulo Coelho
Romero Britto já se acostumou a ser chamado de "Paulo Coelho das artes". E considera uma honra. "'Oh my God' [ai, meu Deus]", ele diz, "realmente gosto do cara!"
A recíproca é verdadeira.
"É óbvio que a 'trolagem' [gozação] cresce pra valer, 'Paulo Coelho é o Romero da literatura'. Eu tenho é muito orgulho", diz o escritor.
Coelho liga da Suíça para respaldar o "grande amigo" que ganhou há anos, num Fórum de Davos --os dois entraram na cota de celebridades convidadas para discutir economia, como o rockstar Bono e o ator Matt Damon.
O sucesso que eles têm de público é inversamente proporcional à virulência com a qual são tratados em suas áreas. Se ambos dizem não estar "nem aí" para difamadores, Paulo é mais enfático:
"Perguntar ao escritor o que ele pensa da crítica é perguntar a um poste o que pensa do cachorro".
Enquanto "os críticos esperneiam", quem realmente importa --o público-- está recomendando suas obras para os amigos, diz o best-seller.
Romero, que pintará em breve a socialite Kim Kardashian, a rainha Silvia (Suécia) e o funkeiro Naldo, não esconde que Paulo Coelho foi uma das pessoas que mais gostou de pintar, ao lado de Michael Jackson e da rainha Elizabeth 2ª --todos com rostos multicoloridos e felizes.
A parceria artística entre os amigos não parou por aí. Em 2013, Romero pintou um quadro que condensa o enredo de "O Alquimista", um dos cavalos campeões de Paulo.
A imagem --com margaridas, estrelas, corações, um terceiro olho e um menino-- estampa a edição grega do livro.
Paulo diz que Romero é "respeitadíssimo" na Europa e azar do Brasil se os artistas daqui não veem isso. "Enquanto artistas se trancam em mundinhos para tentar impressionar seu par, o Romero vai à luta, viaja o tempo todo."
Com obras do amigo pela casa, ele quer mais. "Vou cobrar duas pinturas do Romero por esta entrevista", brinca Coelho. Ou não.