Crítica MPB
Criatividade do guitarrista não deixa pistas de suas influências
Pepeu Gomes é o melhor guitarrista do Brasil. Portanto, o lançamento de um álbum instrumental, 26 anos depois de sua última empreitada no gênero, alegra quem gosta de música inventiva.
O termo é bem adequado, porque Pepeu inventa mesmo.
Ao ouvir um dos bons guitarristas brasileiros, como Roberto de Carvalho ou Edgard Scandurra, é possível descobrir sua "escola", captar as influências de cada um e intuir quais foram seus ídolos no instrumento.
Pepeu é diferente. Autodidata, parece não ter seguido ninguém. As possíveis influências são soterradas por um mundo particular de timbres e "pegadas" que formam conversas instrumentais.
Ao contrário de virtuosos que apenas se propõem a mostrar como são habilidosos, Pepeu se importa realmente com a música. Sua exuberância como guitarrista é empregada para tecer música com os outros instrumentistas que têm a sorte de estar perto dele.
"Alto da Silveira" reúne 16 exemplos disso. Se após a audição dessas faixas fica a certeza da genialidade de Pepeu, essa sensação nasce das construções criadas com os bambas que o acompanham. Notadamente, seus irmãos Didi (baixo) e Jorginho (bateria), a melhor "cozinha" da MPB.
Para compreender essa força criativa, vale reparar em "Bolado 2" e "Rock no Carnaval", reinterpretações de duas canções dos Novos Baianos. Ficaram incríveis. (TM)
ALTO DA SILVEIRA
ARTISTA Pepeu Gomes
LANÇAMENTO Selo Sesc
QUANTO R$ 25 (CD)
AVALIAÇÃO ótimo