Crítica cinema
Longa se insere numa trilogia de obras essenciais sobre a memória
"Já Visto Jamais Visto", de Andrea Tonacci, "Serras da Desordem (2006)", também de Tonacci, e "O Signo do Caos" (2003), de Rogério Sganzerla, são filmes essenciais que formam uma espécie de trilogia da memória.
Memória de uma cinematografia que embarcou na modernidade esquecendo-se do que é realmente moderno. Esquecimento das imagens que formam um painel visual da história brasileira.
Composto de fragmentos de outros trabalhos, na maior parte nunca terminados, filmes caseiros e diários de viagens que jamais foram exibidos em público, "Já Visto Jamais Visto" é uma jornada à procura de um sentido: para o ato de filmar, para as coisas e pessoas que se foram.
É também um emaranhado de paixões, dúvidas, revoltas. Histórias de diversas fontes e épocas que se juntam formando uma nova história.
Um homem procura insetos num campo, um menino brinca na casa da árvore, galos brigam entre si, pessoas planejam uma guerrilha, um pássaro se choca contra uma porta envidraçada, pai e filho visitam igrejas italianas, um álbum de fotos antigas.
Dizer o que de um filme que termina com a citação mais impactante do cinema nos últimos tempos, do escritor Alberto Moravia? Somente o óbvio: é para ver e rever, incessantemente.
Um enigma de 54 minutos que não cessa de nos atrair e nos provocar.
JÁ VISTO JAMAIS VISTO
DIREÇÃO Andrea Tonacci
PRODUÇÃO Brasil, 2014
QUANDO estreia nesta quinta (17)
AVALIAÇÃO ótimo