Mais aparelhos ligados demandam rede forte
Sobrecarga e falta de manutenção da instalação elétrica elevam os riscos
Orçamento e mão de obra qualificada são desafios para construir e renovar a estrutura elétrica das construções
Entre as razões apontadas para os problemas nos edifícios estão a sobrecarga, a falta de manutenção e a desatualização de equipamentos.
Os prédios antigos quase sempre foram concebidos para suportar uma carga menor que a de hoje, já que o leque de aparelhos na rotina das famílias não previa, por exemplo, celulares, computadores e tablets.
Além disso, TVs e equipamentos campeões de consumo, como o ar-condicionado, existiam em número reduzido dentro das unidades.
Uma solução encontrada nos edifícios é trocar os disjuntores por outros de maior potência. Eles servem para desligar a energia quando o consumo ultrapassa uma margem de segurança.
Com a mudança, mais energia entra no prédio. Só que, se os cabos não suportam a demanda, o risco de curto-circuito e incêndios cresce.
"É como trocar de termômetro. Pode parecer que isso vai resolver o problema, mas a febre continua", diz Fernando Bacellar, coordenador de usos finais de energia da concessionária AES Eletropaulo.
Antes de executar qualquer mudança, deve-se dimensionar se o cabeamento aguenta a carga. Muitas vezes a única saída segura é renovar toda a estrutura.
Em razão do caixa apertado, porém, a proposta nem sempre é levada adiante.
No condomínio onde Márcia Coelho mora, em São Bernardo do Campo (Grande SP), o orçamento pesou, e o eletricista se limitou a trocar os disjuntores para dar um fim nos apagões frequentes.
O próximo passo, segundo o síndico Mauricio Nogueira, será renovar a estrutura do empreendimento. Para isso, os moradores devem organizar um rateio. "Foi uma solução emergencial diante da falta de luz", diz Nogueira.
MÃO DE OBRA
Um dos grandes desafios para construir ou renovar a estrutura elétrica é achar mão de obra qualificada.
O diretor-executivo do instituto Procobre, Antonio Maschietto, propõe que haja provas teóricas e práticas de certificação aos profissionais. Ele defende também a criação de leis que obriguem os condomínios a seguir as normas em vigor.
Segundo o estudo "Panorama da situação das instalações elétricas prediais no Brasil", organizado pelo Procobre e apresentado na terça-feira (11), em São Paulo, 75% das novas construções unifamiliares feitas por conta própria não têm projeto elétrico.
"Muitas vezes se pensa no preço de contratar um bom profissional e se esquece do custo alto que se vai ter porque foi contratado alguém sem qualificação", diz Hilton Moreno, consultor do Programa Casa Segura.
Marcelo Mahtuk, diretor da administradora Manager, recomenda uma análise profunda da situação elétrica dos prédios a cada década. Segundo ele, hoje já deve ser feita uma vistoria simples a cada dois anos nos empreendimentos.