Lançamento de compactos deve esfriar
Processo de miniaturização é tendência, mas mercado deve focar na venda de unidades já prontas em 2015
Localização costuma ser atributo de 1-quarto, mas comprador deve ponderar custo com mobília e condomínio
A miniaturização dos apartamentos não deve se esgotar com a recente oferta de unidades, que chegam a 18 metros quadrados, na cidade de São Paulo. O ritmo de lançamentos, no entanto, é que deve esfriar.
Para Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), o segmento é promissor, mas houve excessos. "A tendência é que as construtoras segurem os lançamentos até escoarem o estoque."
A oferta de um-dormitório em estoque (unidades não vendidas até três anos após o lançamento) somava, em outubro, 6.148 imóveis na cidade, de um total de 23.652.
"Muito se lançou em um período curto e justamente quando o mercado travou", diz Bruno Vivanco, vice-presidente comercial da imobiliária Abyara.
Segundo especialistas do mercado imobiliário, a produção de compactos responde à nova configuração familiar (com menos usuários por moradia) e ao estilo de vida de grandes cidades. Metrópoles, como Paris e Londres, chegam a ter unidades de até 8 metros quadrados (leia mais abaixo).
Para Vivanco, uma cidade "caótica como São Paulo" sustenta o encolhimento dos imóveis. "Aqui, estar próximo de suas necessidades é fundamental. Se isso demandar um apartamento microscópico, um lugar minimamente habitável, vai ter gente se dispondo a isso."
LOCALIZAÇÃO
Os novos projetos têm se concentrado na região central, como na República, e próximos de polos comerciais e eixos de transporte, como no Campo Belo (zona sul).
"Quem mora em imóveis desse tipo quer, sobretudo, encurtar distâncias", diz Afonso Celso Bueno Monteiro, presidente do CAU-SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo).
Antes da compra, no entanto, é preciso considerar os custos dessa operação.
Além do metro quadrado mais caro em relação a uma unidade de dois dormitórios, é preciso ponderar os gastos com a mobília (que exige talento no jogo de encaixe) e com serviços do condomínio.
"A decoração de um apartamento de 20 metros quadrados custa em torno de R$ 70 mil, incluindo móveis, eletrodomésticos e acabamento", diz Monteiro, que lembra ainda que muitos prédios não oferecem vaga de garagem.
Para o comprador, no entanto, o valor nominal é compensado, segundo Eduardo Muszkat, diretor-executivo da incorporadora You,Inc.
"A área molhada dos pequenos, que inclui cozinha e banheiro, corresponde a cerca de 40% a 50% do total e é mais cara", diz ele. "Você paga mais por um metro quadrado mais útil, mas a metragem também é menor."
Rogério Santos, presidente-executivo da imobiliária RealtOn, pondera que a miniaturização das unidades pode comprometer o investidor -alvo principal desse mercado até meados de 2014.
"Um imóvel de 19 metros quadrados pode se tornar um negócio de risco, porque é um produto para um público muito específico", diz.