Tensão eleitoral acentua queda da Bolsa
Expectativa sobre pesquisas se soma à piora no cenário externo, e Bovespa recua 3,24%; ações da Petrobras caem 7%
Oscilação continuará até a eleição, dizem analistas; dólar tem maior alta desde agosto de 2013 e vai a R$ 2,455
Uma piora nos mercados internacionais pode frustrar a recente recuperação da Bolsa brasileira, que teve baixa de 3,24% (56.134 pontos) nesta quarta (15), mas que ainda mantém uma valorização de 8,9% no ano no Ibovespa.
Isso porque o mercado brasileiro se manteve alheio nas últimas semanas ao que ocorria no exterior devido à disputa eleitoral no país.
As eleições seguiram no foco dos investidores após o debate entre os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) na TV Bandeirantes. O resultados das pesquisas do Datafolha e do Ibope saíram após o fechamento da Bolsa.
A expectativa é que o mercado brasileiro alterne altas e baixas até a eleição.
O único consenso é que o dólar deve se manter acima de R$ 2,40 e que os juros subirão em 2015, independentemente de quem vencer a eleição.
A moeda americana chegou a bater em R$ 2,46 no mercado à vista (referência do mercado financeiro), mas terminou o dia a R$ 2,455, com alta de 2,43%.
Foi a maior valorização desde 21 de agosto de 2013, quando a moeda americana subiu 2,38%.
"Vai nessa volatilidade até o dia das eleições, faltam praticamente dez dias, é um período curto para fazer precificação diante de um cenário tão apertado. Se até as vésperas da eleição permanecer essa situação de proximidade entre os dois, vai continuar volátil", disse João Pedro Brügger, da Leme Investimentos.
"Essas novas pesquisas devem influenciar o mercado na quinta-feira [hoje]", afirma Sandra Peres, da Coinvalores.
As ações da Petrobras registraram as maiores baixas do Ibovespa, mesmo com notícias favoráveis à estatal. Apesar do fim da defasagem no preço da gasolina, o ministro Guido Mantega disse que a queda na cotação do petróleo não implica necessariamente que gasolina e diesel não subam neste ano (leia na pág. B4).
Os papéis preferenciais da Petrobras, os mais negociados, caíram 6,93%, para R$ 20,15. As ações ordinárias da companhia tiveram perda de 6,86%, a R$ 19,02.
A Bolsa teve volume financeiro recorde de R$ 24 bilhões em negócios.