Vagas formais têm pior setembro desde 2001
Ministro do Trabalho diz que resultados são positivos, pois número de contratações ainda supera o de demissões
Saldo no mês foi de 123.785 postos; no acumulado do ano, maior alta foi no setor de ensino, de 8,3%
Novos números sobre o emprego formal no país confirmam a desaceleração na geração de vagas com carteira assinada neste ano.
Segundo o Ministério do Trabalho, foram abertos 123.785 postos de trabalho em setembro, menor resultado para o mês desde 2001.
Nos nove primeiros meses do ano, foram 904.913 vagas. É o menor saldo para esse período do ano na série histórica disponibilizada pelo governo para o dado acumulado, a partir de 2004.
Os dados fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que, na avaliação do governo, os resultados são positivos, pois o número de contratações ainda supera o de demissões.
"Vocês [da imprensa] procuram os números negativos. Eu procuro os positivos", afirmou. "Não foi o pior setembro desde... Foi o melhor setembro, porque acrescentamos novas vagas."
Dias afirmou que a queda na abertura de novas vagas não se deve à desaceleração da economia, que, para ele, está crescendo, mas à necessidade menor de contratação de trabalhadores formais.
Por isso, a geração de empregos com carteira, em queda desde o primeiro ano do governo Dilma Rousseff no acumulado do ano, será ainda menor em 2015, segundo o ministro.
Ele afirmou ainda que a comparação com anos anteriores não faz sentido do ponto de vista "científico" em um ambiente de pleno emprego.
"Todos os números são positivos. Não há números negativos", afirmou. "Está faltando emprego?"
Questionado sobre os brasileiros que ainda estão desempregados ou na informalidade, Dias afirmou que 100% de formalização é algo que não existe.
O professor do Ibmec/MG Márcio Salvato afirmou que as explicações do governo não fazem sentido e que o dado é preocupante, pois se trata de um período de aquecimento nas contratações por causa do fim de ano.
"A população está crescendo e o mercado de trabalho tem de crescer. Os números mostram uma economia que está com uma taxa de crescimento muito baixa."
INDÚSTRIA
Em setembro, os três setores com mais geração de vagas foram serviços (62.378), comércio (36.409) e indústria (24.837). Houve fechamento de postos na agropecuária (-8.876 mil) e no setor extrativo mineral (-455). Regionalmente, o maior saldo foi em Pernambuco (21.971).
No acumulado do ano, o pior resultado ainda é o da indústria de transporte, que inclui o setor automotivo, com redução de 4,5% no total de vagas. O maior aumento está no setor de ensino, com aumento de 8,3%.
O Nordeste teve o menor aumento no estoque de empregos (+1,6%) até agora no ano. O melhor resultado foi no Centro-Oeste (+3,9%).