Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
Cenário adverso é desafio para setor de algodão
O cenário internacional não é favorável para o algodão. A área de plantio aumenta --pode atingir 34 milhões de hectares em 2014/15--, a produção sobe para 26 milhões de toneladas e os estoques poderão chegar a 21 milhões de toneladas, situação que tende à queda de preços.
É nesse pano de fundo que João Carlos Jacobsen Rodrigues assume a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) no próximo mês. E o mercado interno é um reflexo do externo.
Diante dessas dificuldades, Jacobsen diz que o país terá de buscar novas variedades do produto, aumentar o controle biológico no cultivo das lavouras e obter um algodão de melhor qualidade.
"É um trabalho de longo prazo, que depende de atitudes conjugadas e não isoladas." É demorado, mas deve ser feito por todo o setor.
É necessária uma mudança não só no campo mas no beneficiamento, na embalagem, no embarque e na entrega do produto no tempo certo, afirma ele.
Uma das virtudes do produtor brasileiro é a adaptação às mais variadas situações, mas ainda precisa evoluir nos controles fitossanitários, principalmente usando mais o refúgio e o vazio sanitário.
Outro desafio é a homogeneização do produto em cada região onde é colhido. Para isso, o produtor necessita conhecer e equiparar o uso tecnológico para obter um só padrão de algodão.
Quanto ao governo, Jacobsen atribui a ele a função de melhorar a infraestrutura, principalmente a dos portos por onde sai o algodão.
O futuro presidente da Abrapa diz que é necessário ainda dar condições à indústria têxtil nacional para que volte a crescer.
"Exportar é bom, mas, quando se exporta algodão, se exportam também empregos. E esse não é o melhor dos mundos", afirma.
A tecnologia à disposição dos produtores de algodão no país não é muito diferente da dos demais países produtores. O que o produtor brasileiro precisa, no entanto, é ter conhecimento dela e usá-la.
Jacobsen alerta para a grande quantidade de produtores "invisíveis", que não participam de associações e, portanto, ficam à margem de novos processos de produção. Sem manejo adequado das lavouras, esses produtores "são multiplicadores de pragas."
Ainda em alta A arroba de boi gordo voltou a subir em São Paulo, atingindo novo patamar recorde de R$ 142. Apesar dos preços já elevados, o boi continua em alta devido a problemas estruturais de oferta e às recentes chuvas, que dificultam o transporte dos animais nas fazendas.
Troca O consumidor já sente os efeitos da elevação da carne bovina e, em muitos casos, está optando por proteínas mais baratas, segundo pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) realizada no município de São Paulo.
Pode subir mais Se o consumo interno se mantiver, no entanto, ainda haverá espaço para novas altas para o boi no pasto, uma vez que a oferta de animais prontos para o abate está muito escassa nesta entressafra.
Quanto sobe A avaliação é da Informa Economics/FNP, consultoria que acompanha diariamente esse setor. Ao atingir R$ 142, a arroba de boi teve valorização de 30% nos últimos 12 meses. No ano, a alta é de 22%.
Novos números A produtividade do trigo argentino vem se mostrando melhor do que o previsto neste início de safra, e a produção do país poderá chegar a 12,5 milhões de toneladas, de acordo com informações do mercado. As previsões anteriores indicavam de 11,5 milhões a 12 milhões de toneladas.
Exportações O provável aumento de produção deverá permitir ao país também elevar o volume a ser exportado. Agora previsto em 6,5 milhões de toneladas, esse volume é bem superior aos 2 milhões comercializados pelos argentinos na safra 2013/14. O Brasil é o principal importador desse cereal do país vizinho.