Para economistas, taxa de câmbio deve definir ciclo de alta de juros
Ata divulgada ontem atribui elevação recente da Selic à pressão, sobre a inflação, da subida da moeda estrangeira
Para assessores de Dilma, situação pode mudar se novo ministro da Fazenda trouxer confiança ao mercado
O comportamento do câmbio nos próximos meses será o fator mais importante para que o BC defina a duração e a intensidade do ciclo de alta de juros iniciado na semana passada.
Essa é a avaliação de economistas e assessores presidenciais feita após a publicação nesta quinta (6) da ata do Comitê de Política Monetária.
A instituição explica que a alta do dólar foi o principal fator para elevar os juros de 11% para 11,25% ao ano.
A decisão, anunciada três dias após as eleições, surpreendeu o mercado e ajudou a conter a alta do dólar na semana passada. Nos últimos dias, porém, as cotações voltaram a subir em meio à demora do governo em anunciar a nova equipe econômica e medidas na área fiscal.
A divulgação da ata ontem também não convenceu o mercado de que o governo está comprometido a combater a inflação. No principal trecho do documento, a instituição afirma que a intensificação de ajustes de preços relacionada ao dólar levou ao aumento do risco inflacionário.
Os três diretores que votaram contra o aumento de juros afirmaram que há incertezas sobre "a magnitude e a persistência desses ajustes", avaliando que o dólar pode cair. "No entanto, a maioria dos membros do Copom considerou oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016", diz a ata.
VIGILÂNCIA
A afirmação mais dura do BC foi a de que vai se manter "especialmente vigilante" em relação à inflação. Nas últimas vezes em que o Copom utilizou essa expressão, houve aumento de juros na reunião seguinte do comitê.
A cotação do dólar usada nas projeções do BC para o IPCA passou de R$ 2,25 para R$ 2,50. Com isso, a inflação fica mais alta, mas sem estourar a meta. Economistas acreditam que o dólar nesse patamar levará a um ciclo de alta de duração e intensidade moderada. As projeções são que a Selic deve subir até o início de 2015, chegando a 11,75% ou 12% ao ano.
Segundo assessores, a duração do ciclo de alta depende da presidente. Se ela escolher um ministro da Fazenda que recupere a credibilidade da política econômica, a taxa pode nem superar os 12%.
Veja principais trechos da ata e sua 'tradução'