Emprego na indústria tem 36ª queda
Setor sofre com estoque alto, demanda interna fraca, restrição ao crédito e baixa confiança de empresários
Cenário deve perdurar em 2015; economista diz que alta do dólar não será suficiente para recuperar as perdas
O emprego na indústria completou em setembro 36 quedas consecutivas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo a Pimes (Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salários). Foi também o sexto recuo consecutivo na comparação com o mês anterior.
A pesquisa mostrou que o volume de pessoal ocupado na indústria recuou 0,7% em setembro, em relação a agosto, quando o índice já havia apresentado queda de 0,4%.
A indústria é o setor que mais tem sofrido com a estagnação econômica. O reflexo disso é redução da produção e, consequentemente, diminuição da força de trabalho.
Desde o início do ano, o setor sofre com estoques altos, demanda interna menos robusta, restrição ao crédito e baixo nível de confiança dos empresários. O cenário negativo, segundo analistas, deve permanecer até o final do ano e também no ano que vem.
De janeiro a setembro, a indústria acumula perdas de 2,8% nos postos de trabalho. O volume de pessoal ocupado em setembro foi 3,9% menor do que o registrado em igual período do ano passado. Foi o maior recuo desde outubro de 2009 (-5,4%).
Segundo o economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Rogério Cesar de Souza, mesmo com a valorização recente do dólar, que beneficia a indústria para exportação, o cenário não é animador para o setor.
"Prevemos que o emprego fechará o ano em queda de 2,6%", disse. "2012 foi ruim, tivemos alguma recuperação em 2013 e este ano voltou a ser ruim. Nem a alta do dólar será suficiente para recuperar as perdas acumuladas."
ESTADOS
Estado com o maior parque industrial, São Paulo reduziu sua força de trabalho em 4,7% em setembro sobre igual período de 2013. Houve queda nos postos em 13 dos 14 Estados pesquisados.
Setorialmente, os destaques negativos ficaram para transporte (-7,8%), máquinas e equipamentos (-6,9%), produtos de metal (-8,4%), calçados e couro (-8,7%) e eletroeletrônicos (-7,2%).