Mais empresas têm dificuldades de pagar suas dívidas
Percentual de companhias acima do limite de endividamento sobe de 11,4% para 13,5% em 2 anos, diz pesquisa
CNI também revela aumento no número de empresas que fizeram financiamentos por prazos menores
O número de empresas brasileiras que afirmam ter mais dívidas do que são capazes de pagar vem aumentando. Em 2014, o percentual de companhias que estavam acima do limite de seu endividamento chegou a 13,5%, segundo pesquisa inédita da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Dois anos antes, quando a entidade fez o levantamento pela primeira vez, o percentual era de 11,4%.
Para a sondagem, foram entrevistadas 2.649 empresas em todo o país. Segundo o trabalho, o percentual de companhias que dizem não ter espaço para aumentar seu endividamento seguiu alto: 37%. O número é ligeiramente superior ao da pesquisa anterior.
"Fazer dívida num cenário de expansão da atividade é ótimo. Você tem liquidez e capacidade de investimento, o que lhe ajuda a crescer. Mas, num cenário de estagnação, ter dívidas torna-se muito complicado para a empresa", afirma o economista Fábio Silveira, sócio da consultoria GO Associados.
Em 2014, a economia brasileira ficou praticamente estagnada, segundo economistas --o dado oficial será divulgado em março. Já a produção da indústria fechou em queda de 3,2%.
DINHEIRO INSUFICIENTE
O estudo da CNI aponta que, no ano passado, muitas companhias já não estavam conseguindo todo o dinheiro de que precisavam para tocar seu plano de negócios.
Das empresas que recorreram aos bancos para pe- dir novos empréstimos, 36,3% afirmaram ter obtido me- nos do que o necessário.
Em 2012, na pesquisa anterior, o percentual de insatisfeitos com o valor aprovado era de 29,8%.
O tempo para quitar o empréstimo também ficou menor, apontou o trabalho.
Um quarto das empresas que buscaram financiamentos disseram ter firmado contratos com prazos menores. Dois anos antes, a afirmação foi feita por 14% delas.
"Temos um quadro menos favorável. As empresas estão com mais dificuldade", afirma Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de políticas econômicas da CNI.
"Vemos que há um grande número de companhias que dizem não haver linhas de financiamento adequadas para o seu negócio."