Polícia faz busca na sede do HSBC na Suíça
Justiça abre processo para apurar caso; informante afirma que grande petroleira deve sentir efeitos de vazamento
Banco não comenta buscas em Genebra; procuradores querem obter informações sobre clientes suspeitos
Policiais cumpriram nesta quarta-feira (18) uma ordem de busca e apreensão nos escritórios do HSBC em Genebra, unidade que está sendo acusada de ajudar clientes milionários a lavar dinheiro e evitar o fisco em seus países de origem.
O mandado foi expedido pela Procuradoria de Genebra. A Justiça abriu um processo para apurar o caso, chamado de Swissleaks.
Segundo a Procuradoria, o objetivo é conseguir dados sobre indivíduos suspeitos de cometer ou de participar de lavagem de dinheiro. O caso está com os procuradores Olivier Jornot e Yves Bertossa.
O HSBC em Genebra se recusou a comentar o assunto.
Em entrevista à BBC, o ex-funcionário do HSBC em Genebra Herve Falciani, que "vazou" as informações, afirmou que uma grande empresa de petróleo pode ser a próxima a sentir os efeitos do vazamento em massa de informações. Falciani não revelou o nome da empresa.
Segundo o informante, o trabalho de análise de novos dados deve começar em breve. O esquema revelado por Falciani permitiu que, entre 2005 e 2007, centenas de bilhões de euros transitassem, em Genebra, por contas secretas de 106 mil clientes, entre eles, empresários, políticos, estrelas de Hollywood, traficantes de drogas e suspeitos de ligações com atividades terroristas.
Segundo o blog do jornalista Fernando Rodrigues, do Brasil são 6.606 contas bancárias (que atendem a 8.667 clientes) e o valor movimentado entre 2006 e 2007 é equivalente a R$ 20 bilhões.
No domingo, o maior banco da Europa pediu desculpas a clientes e investidores pelas práticas de sua unidade suíça. Em anúncios de página nos jornais, o HSBC disse que o caso tem sido uma "experiência dolorosa" e que as normas em vigor hoje "não estavam universalmente estabelecidas" no passado.
O banco admitiu falhas no cumprimento e controle em seu banco privado suíço, após as alegações da mídia de que a instituição pode ter habilitado clientes a esconderem milhões de dólares.
No Brasil, a Receita Federal vai apurar operações realizadas por brasileiros em contas secretas mantidas pelo HSBC na Suíça. Em nota, o fisco informou que teve acesso a parte da lista que foi vazada no Swissleaks.