Alemanha nega pedido grego e lança zona do euro em impasse
Atenas quer prorrogar por seis meses pacote de ajuda europeu e promete manter metas fiscais
Para Berlim, plano é vago; sem ajuda pela primeira vez desde a crise de 2010, Grécia poderá deixar o euro
Principal potência da zona do euro, a Alemanha criou um impasse ao rejeitar o pedido do novo governo grego para ter seu pacote de resgate financeiro prorrogado por mais seis meses pelo bloco.
A decisão sobre a proposta deve ser tomada nesta sexta (20) em Bruxelas pelos líderes e pode ser decisiva para a permanência ou não da Grécia no grupo de 19 países que usam a moeda única.
O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis (do partido de esquerda Syriza, que acaba de assumir o poder), pediu nesta quinta (19) a extensão do crédito.
Prometeu, entre outras coisas, evitar "ações unilaterais que afetem as metas fiscais, a recuperação econômica e a estabilidade financeira".
Mas o governo de Angela Merkel considera a proposta insuficiente, sobretudo porque não detalha rigor no compromisso fiscal, pilar de acordos com governos anteriores.
Autoridades alemãs também chamaram a oferta de "cavalo de troia".
"A carta de Atenas não é uma proposta substancial para uma solução", disse o porta-voz do Ministério das Finanças alemão, Martin Jaeger.
Apesar da resistência alemã, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, reagiu bem à oferta. "É um sinal positivo para construir um caminho que leve a um compromisso razoável no interesse da estabilidade financeira da zona do euro."
A reunião em Bruxelas será a terceira em duas semanas em busca de um acordo.
O atual programa de empréstimo à Grécia, de € 172 bilhões (de um total de € 245 bilhões desde 2010), termina no dia 28. Sem a prorrogação, o país ficará pela primeira vez sem ajuda externa desde a crise de 2010.
A falta de acordo pode não só agravar a fragilidade da economia grega como criar turbulência no mercado, já que a Grécia ficaria sem recursos para honrar dívidas.
O novo governo, que venceu as eleições com discurso antiausteridade, aposta que o bloco não quer correr riscos.
O premiê Alexis Tsipras não quer perder o acesso ao crédito e, ao mesmo tempo, tenta ganhar tempo para implementar suas promessas.
Diante disso, vive um dilema: em troca do fôlego para proteger seu sistema bancário, é pressionado a ceder em pontos que criticou na vitória sobre a Nova Democracia, que estava no poder.
Tsipras, sob pressão, agora diz que vai cumprir as obrigações com credores e adota um caminho que resistia até então: aceitar o monitoramento de Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI, responsáveis pelo programa de recuperação dos países em crise no bloco.