Tarifaço
Combustível e energia impulsionam inflação, que se acelera para 7,9%
IPCA-15 também já sente impacto da valorização do dólar e fica em 1,24% em março
Moeda americana afeta principalmente preço de trigo, insumos agrícolas, cosméticos e produtos eletrônicos
O aumento das tarifas dos serviços públicos e a alta do dólar pressionaram os preços em março, de acordo com o resultado para o mês do IPCA-15, indicador que é a prévia da inflação oficial.
O indicador ficou em 1,24%, divulgou nesta sexta-feira (20) o IBGE. O percentual de março foi menor que o verificado em fevereiro (1,33%), mas no acumulado dos três primeiros meses deste ano chegou a 3,5%, um ponto percentual abaixo do limite inferior da meta de inflação do BC, de 4,5%.
Nos 12 meses findos em março, o IPCA-15 ficou acima do teto da meta.
Bateu 7,90%, enquanto a banda mais alta da meta é de 6,5%. O resultado foi o maior desde maio de 2005.
Houve em março aumento na tarifa de energia elétrica (10,91%), nos combustíveis (6,25%) e nas passagens de ônibus (1,39%). Atrelado a isso, há o impacto do dólar, que faz subir preços em diversas cadeias produtivas, a começar pelos alimentos.
O país não é um grande produtor de trigo, essencial para a produção de massas e pães, e parte do insumo é importado em dólar. Há ainda diversos defensores agrícolas também comercializados em moeda estrangeira.
Além disso, a falta de chuva no Sudeste e a seca no Centro-Oeste fazem com que safras de hortaliças e legumes e a produção de carnes sofram impacto do clima, o que encarece a produção.
A alimentação teve alta de 1,22% no IPCA-15 de março. O segmento representa 25% do índice e, segundo analistas, com poucas perspectivas de queda do dólar no curto prazo, é possível que eles continuem pressionando os preços. Outro impacto do dólar na inflação é por meio de produtos eletrônicos e cosméticos, que têm componentes importados.
Para Márcio Salvato, do Ibmec, um impacto indireto virá de empresas que importaram máquinas financiadas e possuem dívidas em dólar, que podem tentar repassar o custo adicional aos produtos.
O nível de repasse, diz, dependerá de quanto a atividade econômica esfriar -analistas esperam uma retração do PIB na faixa de 1% neste ano.
"Normalmente, o impacto do câmbio é menor em tempos de crise como agora. O produtor vai pensar duas vezes em repassar. Prefere cortar sua margem ao não conseguir vender se subir muito o preço."
De acordo com especialistas a inflação deve encerrar 2015 entre 7,5% e 8,1%.
Para Marcel Caparoz, da RC Consultores, a inflação deve fechar o ano 7,5%, porque a economia já deve dar sinais de arrefecimento a ponto de reduzir o padrão de consumo das famílias e, dessa forma, diminuir a pressão dos alimentos.
O IPCA-15 mede a inflação acumulada do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência funciona como uma prévia do que poderá ser a inflação fechada no mês. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechado serve de base para a decisão do Banco Central de subir ou não os juros do país.