Abilio amplia participação no Carrefour
Empresário investe R$ 2,1 bilhões e eleva sua fatia de 2,4% para 5,07% no segundo maior grupo varejista do mundo
Negócio é bem recebido, e ações sobem 1,4% em Paris; investimento não garante assento no conselho de empresa
O empresário Abilio Diniz, antigo dono do Pão de Açúcar, tornou-se nesta quinta (9) o quarto maior acionista do Carrefour, o segundo maior grupo varejista do mundo, atrás do Walmart.
O negócio amplia a influência do brasileiro na varejista francesa, que tem no Brasil o seu segundo maior mercado consumidor.
Em apenas um dia, Abilio comprou ações suficientes para elevar sua participação de 2,4% para 5,07% no Carrefour. O valor desembolsado é estimado em cerca de € 630 milhões (R$ 2,1 bilhões).
A aquisição coloca Abilio em pé de igualdade com os principais sócios do Carrefour --família Moulin, dona das Galerias Lafayette (9,5%), Bernard Arnault, presidente da Louis Vuitton Moët Hennessy (9%), e o fundo americano Colony (5,63%).
O Carrefour emprega 381,2 mil pessoas e tem hoje 10.860 hipermercados e supermercados em 30 países. No ano passado, faturou € 100,5 bilhões (R$ 335,7 bilhões). A rede tem 21 mil fornecedores, a maioria de produtos frescos e produzidos na região em que são consumidos.
A aquisição ocorre um dia antes de o Carrefour divulgar os resultados do primeiro trimestre, que devem selar a recuperação das vendas nos hipermercados europeus.
O modelo de hipermercados gigantes tinha ruído no continente, perdendo espaço para os pequenos supermercados locais.
No final de 2014, o empresário comprou 10% da filial brasileira do Carrefour por R$ 1,8 bilhão. O acordo, que permite a Abilio chegar a 16% do capital, garantiu a presença do empresário no conselho de administração da filial, além de influência na gestão do negócio no país. Abilio levou para o Carrefour dois executivos --Antonio Ramatis, diretor de operações, e Sylvia Leão, de recursos humanos --que trabalharam para ele no Pão de Açúcar.
O empresário vendeu o controle do Pão de Açúcar em 2005 para os franceses do Casino, rivais históricos do Carrefour. Em 2011, um ano antes de passar o comando ao Casino, Abilio enfureceu os franceses ao propor a fusão com o Carrefour no país.
De acordo com nota divulgada, a Península (empresa de participações da família Diniz) não tem intenção de aumentar mais sua participação no Carrefour. Havia especulações de que o empresário estaria negociando também a compra da participação do fundo Colony.
Diferentemente do que ocorre no Brasil, a participação de 5,07% no Carrefour não garante um assento no conselho de administração.
Para que isso ocorra, Abilio precisa ser convidado pelo conselho e ter seu nome aprovado em assembleia.
O mercado reagiu bem ao negócio. As ações do Carrefour subiram 1,4% em Paris.