UE acusará Google de lesar concorrência
Após 5 anos sob investigação, gigante da tecnologia poderá reviver batalha épica que Microsoft travou contra europeus
Site corre risco de sofrer multa bilionária por suposto abuso de sua posição dominante nas buscas da internet
O Google será acusado pela União Europeia, nesta quarta-feira (15), de abusar ilegalmente de sua posição dominante no mercado de buscas on-line, passo que um dia poderá forçar a empresa a mudar fundamentalmente seu modelo de negócios e pagar multas salgadas.
Margrethe Vestager, comissária da competição da União Europeia, anunciará que o grupo americano em breve será acusado formalmente de violar leis antitruste ao desviar tráfego de concorrentes a fim de favorecer serviços que ele mesmo controla, de acordo com duas pessoas informadas sobre o caso.
Procurado, o Google não se pronunciou.
O processo, após cinco anos de investigações, pode se provar um épico, como a batalha de uma década que a UE travou com a Microsoft e terminou por custar mais de € 2 bilhões em multas à empresa.
Ainda que o Google venha enfrentando problemas antitruste em três continentes há diversos anos, é a primeira vez que deverá receber uma acusação formal. O site terá dez semanas para responder às acusações e poderá solicitar uma audiência na qual apresentar sua defesa.
Além das questões relacionadas a buscas, a investigação considerava também as alegações de que o Google remove ilegalmente conteúdo de rivais, força grupos de conteúdo a usar seu sistema de publicidade vinculada a buscas e dificulta para os anunciantes a transferência de campanhas para serviços de busca rivais.
A Comissão Europeia tem o poder de impor multas de até 10% do faturamento mundial do Google e restrições severas às práticas de negócios da companhia.
O caso antitruste da União Europeia surge diante de um pano de fundo de crescente reação europeia contra o Vale do Silício e a reacomodação econômica causada pela era digital.
No passado elogiadas por seu espírito inovador, as grandes companhias de tecnologia norte-americanas começaram a sofrer críticas crescentes na Europa por seu domínio sobre o mercado e a maneira pela qual tratam dados pessoais, especialmente depois do escândalo quanto às operações de vigilância dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.