Mercado Aberto
Empresas pedem acordo para evitar dupla tributação
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Grandes empresas, como Embraer, Odebrecht, Natura e Weg, voltaram a cobrar do governo a criação de políticas públicas para conter o desinvestimento feito pelas companhias brasileiras com atuação no exterior.
Reunidas em um fórum criado pela CNI, as empresas apresentaram um pacote de reivindicações ao ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Entre 2011 e 2013 (dado mais atualizado), os aportes realizados pelas companhias em outros mercados registraram uma sequência de saldos negativos, com pico para 2013: US$ 3,5 bilhões (R$ 10,5 bilhões, na cotação atual).
Os dados são da CNI a partir de informações da Unctad (braço da ONU para o comércio e desenvolvimento).
"Uma empresa não deixa de exportar e nem de criar empregos quando se instala em outros países", diz José Rubens de La Rosa, coordenador do Fórum das Empresas Transnacionais (FET) e CEO da Marcopolo.
"A companhia fica mais competitiva e inova sua matriz." Do documento constam pedidos pela aprovação de leis de tributação sobre o lucro de empresas e funcionários no exterior.
"É mais difícil fazer negócios num outro ambiente extremamente competitivo com carga tributária dobrada", afirma De La Rosa.
O ministro Armando Monteiro afirmou, por meio de sua assessoria, que o Plano Nacional de Internacionalização, que será lançado nos próximos dias, contemplará parte das reivindicações apresentadas pelas empresas.
O Brasil fechou 2013 com um estoque de investimentos no exterior de US$ 272,9 bilhões (R$ 821,4 bilhões, na cotação atual).
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LUCRO EM TEMPOS DIFÍCEIS
A Mexichem Brasil, fabricante de tubos plásticos e dona das marcas Amanco, Bidim e Plastubos, investe R$ 164 milhões em um projeto de expansão no Estado de São Paulo.
Parte do aporte é destinada à implantação de uma nova linha de caixas d'água na fábrica de Sumaré (a cerca de 120 km da capital).
Com o investimento, a capacidade de produção da mercadoria será cinco vezes maior do que a atual. Poderão ser fabricadas 160 mil unidades por ano.
"Não tenho dúvida [de que a crise hídrica alavancará as vendas do produto]. O problema [de falta de água] não vai acabar tão cedo e irá gerar demanda no mercado", diz o presidente da companhia, Maurício Harger.
Sobre um possível efeito negativo da desaceleração imobiliária no setor, o executivo afirma que não deverá ser tão prejudicial.
"O país ainda tem um grande deficit habitacional e esse é um produto básico."
R$ 1,74 bilhão
foi o faturamento da companhia no ano passado no Brasil
12%
foi o crescimento na comparação com 2013
3.000
são os trabalhadores no país
9
é o número de fábricas no Brasil
US$ 5,583 bilhões
foram as vendas globais em 2014, o equivalente a R$ 16,8 bilhões no câmbio atual
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Novo... Luiz Gonzaga Bertelli acaba de ser nomeado presidente do conselho de administração do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola). Bertelli estava à frente da presidência-executiva da entidade há 20 anos.
...estágio O executivo sucederá Ruy Martins Altenfelder Silva para um mandato de três anos. Nas últimas duas décadas, o número de jovens aprovados em estágios por ano saltou de 40 mil para 375 mil, segundo o CIEE.
Química... A Braskem vai lançar um projeto em parceria com a organização sem fins lucrativos Endeavor para incentivar start-ups a desenvolverem soluções inovadoras para saúde, moradia e mobilidade por meio do uso do plástico.
...empresarial Serão selecionadas até 20 ideias para participar de uma capacitação com duração de 45 dias. Dois modelos de negócios serão finalistas. O público-alvo são universitários, além de pequenos e médios empresários.
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AVALIAÇÃO DOS CONSUMIDORES
O Brasil está entre as nações cuja população avaliou da pior forma a situação econômica em março. Dos entrevistados pela Ipsos no país, 11% consideraram bom o panorama atual.
Apenas a França e a Itália registraram parcelas menores --9% cada uma.
O Japão, apesar de ainda estar entre os pessimistas, com 31%, teve o maior incremento de fevereiro para março: cinco pontos percentuais.
A África do Sul, por sua vez, registrou a maior queda --nove pontos percentuais-- e ficou com 18%. A média global foi de 39%.
Em relação ao futuro, o Brasil permanece entre os mais otimistas. Pouco mais de 50% dos ouvidos afirmaram que a economia do local onde vivem deve melhorar nos próximos seis meses.
Apenas Índia e Arábia Saudita ficaram à frente, com 67% e 66%, respectivamente.