Dilma diz que conteúdo nacional não muda
Na semana passada, ministro e diretora da agência de petróleo falaram de flexibilização da cota mínima de contratos
Em inauguração de navio em PE, presidente também defende a manutenção das regras do modelo de partilha
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta (14) que não haverá mudanças na política de conteúdo nacional --que estabelece um percentual mínimo de contratação na indústria brasileira.
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disseram que as exigências de conteúdo nacional seriam flexibilizadas e que alguma novidade seria implementada já no leilão de exploração e produção de petróleo marcado para outubro.
Dilma, porém, defendeu a atual política de conteúdo local para evitar a "maldição do petróleo", em que a riqueza gerada pela indústria petrolífera resulta em enriquecimento de um setor e empobrecimento do resto do país.
"Se essa demanda [para construção de navios] não for atendida por trabalhadores brasileiros, por empresas instaladas aqui, (...) nós estaremos ameaçando o Brasil com uma coisa que no mundo se chamou a maldição do petróleo", disse.
PARTILHA PERMANECE
Dilma também defendeu a manutenção dos regimes usados para exploração de petróleo: de partilha, em campos de pré-sal, e de concessão.
Na partilha, a propriedade do petróleo extraído é do Estado. A vencedora do leilão assume o custo e o risco de explorar e extrair o produto, em troca de parte do que for produzido.
Já na concessão, vigente nos antigos contratos de exploração, o vencedor do leilão paga um valor ao Estado em troca da propriedade do petróleo extraído em um certo bloco, por um certo período (em regra, de 20 a 30 anos).
Alguns investidores defendem que, com a atual crise financeira que dificulta investimentos da Petrobras, as formas de contrato deveriam ser revistas.
"Os dois modelos que vigem no Brasil têm de ser mantidos", disse a presidente em Ipojuca (PE), em cerimônia de inauguração de um navio no estaleiro Atlântico Sul.
Esse foi o primeiro evento público de Dilma com a Petrobras neste ano e o primeiro ao lado dos novos presidentes da empresa, Aldemir Bendine, e da Transpetro, Cláudio Campos, que substituíram Graça Foster e Sérgio Machado após as investigações da Lava Jato.
Sem citar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Dilma disse que o tucano "desmantelou" a indústria da construção naval e ressaltou investimentos feitos desde a gestão Lula.
"O Brasil tinha sido nos anos 80 o segundo maior produtor na área de indústria naval e esse foi um processo que foi desmantelado", disse.