Sete aprova plano em que Petrobras vê problemas
Credores e sócios da Sete Brasil, principal parceira da Petrobras no pré-sal, aprovaram nesta quinta (14) o plano inicial de reestruturação da companhia com uma única abstenção, da Petrobras.
A estatal, ao mesmo tempo sócia e cliente da Sete, declarou-se em conflito e não votou. Mesmo assim, foi contra duas importantes mudanças propostas para a companhia. A Petrobras não quer estender o prazo do aluguel das sondas de 15 para 25 anos. E não concorda que a Sete passe a ser, ela mesma, operadora das sondas.
Para isso, a Sete pretende criar outra empresa com um novo sócio, provavelmente estrangeiro, investindo US$ 1,2 bilhão no negócio, como revelou a Folha.
Hoje, a Sete é dona dos equipamentos, pilotados por empresas especializadas. Esses operadores são também sócios nas sondas, com participações entre 15% e 30%. Entre eles estão empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.
O novo investimento seria, em parte, usado na compra da participação desses operadores pela Sete.
Outra discussão acalorada entre sócios e credores foi o número de sondas. A conversa começou em 16 unidades e terminou em 21. Pelo plano original, seriam 29.
Ainda segundo apurou a reportagem, os sócios não descartaram a possibilidade de que as 7 sondas em construção no Estaleiro Atlântico Sul (EAS) sejam reativadas.
Em fevereiro, o estaleiro rompeu o contrato com a Sete por falta de pagamento.
RETORNO
O plano de reestruturação da Sete muda tanto porque os credores querem um projeto suficiente para pagar os R$ 12 bilhões que a empresa deve a eles. Já os sócios, que investiram mais de R$ 8 bilhões até agora, tentam manter o máximo possível de sondas para honrar compromissos e ter um retorno próximo ao que esperavam no início.
Na conta de um dos sócios, com 16 sondas e sem o alongamento do prazo dos contratos, o negócio teria um rendimento semelhante ao de um título público --cerca de 8% acima da inflação (IPCA).
A Sete enfrenta problemas financeiros desde que o BNDES criou dificuldades para liberar o financiamento que tinha prometido. Agora a companhia tenta levantar recursos com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e investidores da Ásia para financiar seu plano de reestruturação.