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Em reunião, Graça Foster mostrou receio de ser presa
Em reunião para discutir valores de baixa em balanço da Petrobras devido à corrupção e à desvalorização de ativos, a então presidente da estatal, Graça Foster, dividiu com integrantes do conselho de administração preocupação até em ser presa e de ter que entregar bens.
A Folha obteve o áudio e a ata da reunião. Em 23 de janeiro, Graça e conselheiros conversaram sobre a metodologia usada para calcular os números que estimavam uma baixa de R$ 88,6 bilhões nos ativos. O cálculo, desprezado posteriormente, foi feito pela Deloitte e pelo BNP Paribas.
No encontro, o conselheiro Francisco Roberto de Albuquerque perguntou se foi ponderado na metodologia apresentada quais riscos adicionais existiriam sobre processos judiciais no exterior e no Brasil em relação à estatal.
Graça respondeu que não foram levados em conta na metodologia:
"Se vou ser presa ou não, não entrou na metodologia. Se vou ter que entregar a casa em que moro em razão dos valores, não entrou na metodologia. Fizemos as contas como as contas são".
A então presidente da Petrobras relatou aos presentes que, na véspera, em reunião da diretoria, fora admitida, do ponto de vista administrativo e interno da empresa, má gestão dos diretores e que todos deveriam ser demitidos.
"Não é possível que essa diretoria, durante três anos, no meu caso e do [Almir] Barbassa, durante outros quatro, deixamos que tal coisa acontecesse. Posso dizer: não, mas eu era diretora de Gás e Energia e na área de Gás e Energia as coisas estão acomodadas. Mas eu, como diretora e presidente, não poderia ter deixado chegar aonde chegou."
Procurada, Graça atendeu o telefonema da Folha, mas não falou sobre o assunto.