Reunião sobre crise grega termina em novo fracasso
Ministros europeus e Atenas não chegam a acordo sobre dívida; lideranças voltam a se reunir na segunda
A pressão aumentou sobre a Grécia após um novo fracasso para um acordo que evite um calote na Europa e baixe o risco de o país deixar a zona do euro.
Os chefes das 19 economias do grupo da moeda única reuniram-se por cerca de quatro horas nesta quinta-feira (18), em Luxemburgo, em busca de solução que impeça o colapso grego a partir de julho.
Não houve avanço e o tempo está se esgotando: a Grécia tem até 30 de junho para pagar parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI.
"Não há período de graça. Se [a parcela] não estiver paga em 1º de julho, não está paga", avisou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. Irritada, ela disse que o diálogo com a Grécia deveria ser com "adultos na sala".
Para quitar a dívida, a Grécia quer desbloquear uma ajuda de € 7,2 bilhões, última parcela do socorro de € 240 bilhões recebido do FMI e do BCE (Banco Central Europeu) nos últimos cinco anos.
Sem a verba não há como o país manter sua recuperação econômica nem pagar o que deve, diz o premiê grego, Alexis Tsipras, que deve se encontrar nesta sexta (19) com o presidente russo, Vladimir Putin. Apesar da especulação, aliados negam pedido de socorro a Moscou.
Um impasse foi criado porque os credores exigem compromissos fiscais considerados inviáveis por Tsipras, do partido de esquerda Syriza, eleito sob o discurso contra a austeridade adotada pelo governo antecessor.
"Posso colocar o que você quiser em termos fiscais, mas a questão é como arrecadar isso", disse o ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakis.
Segundo ele, cortes em benefícios previdenciários, como quer o FMI, causariam um descontentamento na população --afinal, o Syriza foi eleito com a bandeira oposta.
Ele afirma que a proposta grega, focada em reformas estruturais no país, tem condições de ser aceita.
Uma reunião de emergência entre os líderes de cada país foi convocada para segunda-feira (22), em Bruxelas, no que deve ser a última chance de negociação.
"Nós estamos aguardando. Espero que os próximos dias sejam usados pelas autoridades gregas para voltar com medidas críveis e tangíveis", disse Lagarde.
O presidente do Eurogroup, o holandês Jeroen Dijsselbloem, disse que já trabalha com o "pior cenário", a saída da Grécia do euro.
O efeito do calote seria imediato, com os bancos gregos tendo de conter os saques para evitar a insolvência.
Somente entre segunda (15) e quarta-feira (17), cerca de € 2 bilhões teriam sido retirados pela população.