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Ex-ministro grego quis invadir computador do fisco
Yanis Varoufakis insistiu em que nada fez de impróprio como parte de um projeto clandestino de cinco meses que dirigiu como ministro das Finanças da Grécia, a fim de preparar o país para uma possível saída do euro.
O plano, que quase foi completado, envolvia invadir os computadores do serviço tributário independente da Grécia e criar um sistema paralelo de pagamentos –acessando os CPFs e copiando-os para um computador controlado por um "amigo de infância" de Varoufakis.
O ex-ministro, que foi substituído pelo mais discreto Euclid Tsakalotos no começo deste mês, descreveu o projeto em teleconferência com investidores privados, no dia 16. O esquema permitiria que as transações continuassem em caso de um feriado bancário prolongado e de imposição de controles sobre o movimento de capitais.
Uma gravação da teleconferência foi divulgada nesta segunda (27) pelo Fórum de Instituições Fiscais e Monetárias Oficiais, de Londres, que organizou a conversa, depois que trechos foram publicados no final de semana pelo jornal grego "Kathimerini".
"Decidimos invadir o programa de software de meu ministério a fim de podermos obter todos os dados, para simplesmente copiar, só copiar, os códigos do site do sistema de impostos para um grande computador no escritório dele, para que ele pudesse descobrir como criar e implementar um sistema paralelo de pagamentos legais", disse Varoufakis.
"Estávamos prontos para receber luz verde do primeiro-ministro, quando os bancos fechassem, para invadir o secretariado-geral da receita pública, que não era controlado por nós, e sim por Bruxelas, e conectar um laptop ao sistema."
Oponentes políticos expressaram indignação, e 24 legisladores do Nova Democracia, o maior partido oposicionista, questionaram o primeiro-ministro Alexis Tsipras, perguntando se Varoufakis não deveria ser submetido a inquérito judicial.
O gabinete de Varoufakis disse que o projeto foi conduzido por um grupo de trabalho que ele havia sido autorizado a estabelecer para preparar planos de contingência caso a Grécia fosse forçada a abandonar o euro. O grupo de trabalho não violou quaisquer leis, segundo o comunicado.
As revelações sobre o "Plano B" de Varoufakis surgem na esteira de revelações do "Financial Times" de que membros de extrema esquerda do partido que governa a Grécia, o Syriza, estavam contemplando plano mais radical para confiscar as reservas do governo e tomar o controle do banco central, na transição para uma nova moeda.