BC da China volta a desvaloriza moeda e derruba mercados
Depois do terceiro dia de queda, nesta quinta, autoridade monetária afirma não haver espaço para mais perdas
Bolsas de Valores caem com temor de maior concorrência de produtos chineses no comércio internacional
Maior exportador de produtos industrializados do mundo, a China voltou a desvalorizar o yuan, tanto nesta quarta (12) como nesta quinta (13), o que levou a baixas generalizadas nos mercados de commodities e nas principais Bolsas internacionais.
Na terça-feira (11), o Banco Popular da China (banco central chinês) anunciara uma reforma no sistema de câmbio fixo do país em que introduziu um espaço maior para a flutuação do yuan em relação ao dólar.
A expectativa inicial era que o ajuste na taxa de referência do yuan (em torno da qual a moeda pode flutuar, dentro de uma banda) se limitaria à terça, quando a moeda recuou 1,9%.
No entanto, o BC chinês afirmou que pressão do mercado pela desvalorização foi tamanha que decidiu fazer um segundo ajuste na quarta, permitindo uma desvalorização adicional de 1,6%. Nesta quinta, a autoridade monetária promoveu nova desvalorização, de 1,1%.
Depois, em nota, por volta das 23h45 desta quarta (horário de Brasília), o BC chinês afirmou que não há base para desvalorizações adicionais, dados os fundamentos da economia.
A reforma do sistema cambial na terça foi apresentada pelas autoridades chinesas como um movimento para dar maior protagonismo às forças do mercado na hora de fixar a taxa de câmbio do yuan, que continuará a ser controlada pelo governo.
O ajuste no câmbio chinês levou a forte baixa nesta quarta nas principais Bolsas asiáticas, europeias e emergentes com o temor de concorrência maior com os produtos chineses.
Na Ásia, as maiores baixas ocorreram nos principais índices de ações da Indonésia (-3,1%), Cingapura (-2,9%), Seul (-2,06%), Índia (-1,33%) e Tóquio (-1,3%). Na Europa, as Bolsas de Londres, Paris e Frankfurt tiveram baixa de 1,4%, 3,4% e 3,27%, respectivamente. Nos EUA, a Bolsa de Nova York terminou com o índice Dow Jones estável.
Entre as commodities, as maiores baixas foram de soja (-6,33%) e milho (-5,03%). Um dos motivos apontados para o esforço chinês de desvalorizar o yuan é a ambição de fazer com que o FMI a inclua no rol de moedas internacionais de reserva. Com uma flutuação mais pautada pelas variações de mercado, o yuan se tornaria mais apto a se juntar a libra, iene, euro e dólar.
Outra razão são dados divulgados no fim de semana, que mostram queda de 8,3% das exportações em julho.