Preocupação sobre economia global derruba Bolsa de NY
Dow Jones e S&P 500 têm maior queda em um ano e meio diante de temores sobre China e emergentes
No Brasil, Bolsa tem leve alta, e dólar recua para R$ 3,46, com expectativa de que EUA adiem aumento no juro
O mercado acionário norte-americano zerou os ganhos de 2015 e teve nesta quinta-feira (20) a maior queda em um ano e meio, diante de preocupações sobre o crescimento global, principalmente a China, e as suas consequências na economia dos mercados emergentes.
Tanto o Dow Jones quanto o índice mais amplo S&P 500 recuaram 2,1% –maiores quedas percentuais diárias desde 3 de fevereiro de 2014. O Nasdaq, de tecnologia, perdeu 2,8%, maior tombo desde 10 de abril de 2014.
O temor sobre a economia chinesa foi intensificado na semana passada, quando o banco central local mudou a política cambial ao desvalorizar a moeda, o yuan, no maior ritmo em anos.
A desvalorização foi interpretada, entre outros motivos, como uma forma de estimular as exportações e dar fôlego à economia chinesa, cujo ritmo de crescimento é o menor desde 1989.
O enfraquecimento do yuan, por outro lado, desestimula as importações chinesas, o que afeta as cotações das commodities, principais molas propulsoras de diversas economias emergentes. O petróleo, por exemplo, está perto de suas cotações mínimas em mais de seis anos.
Como consequência, as moedas dos países emergentes se desvalorizam. Nesta quinta, o rand sul-africano caiu para o menor nível desde 2001. O peso colombiano atingiu a menor cotação da história.
A moeda do Cazaquistão sofreu desvalorização de 20% depois de o banco central do país anunciar que passará a seguir uma política cambial mais voltada às demandas do mercado. Medida semelhante foi adotada no Vietnã no início da semana.
BRASIL
O mercado acionário brasileiro foi menos afetado pela turbulência global nesta quinta. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, terminou praticamente estável, com leve avanço de 0,13%, para 46.649 pontos. A alta das ações da Vale impediu nova queda do índice.
Na contramão das demais moedas de emergentes, o dólar voltou a fechar em baixa em relação ao real e encerrou a quinta cotada a R$ 3,46 (-1,17%). A moeda americana intensificou a queda após a divulgação de indicador de atividade econômica nos Estados Unidos que veio mais fraco que o esperado.
"Isso aumenta a percepção de que o Fed (banco central americano) deve aumentar os juros no país apenas em dezembro", afirmou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
Essa opção voltou a ganhar força após a divulgação da ata do Fed, na quarta-feira, na qual a autoridade monetária americana esboçou preocupação com o mercado de trabalho do país. Até então, vinha sendo dado como certo que a alta dos juros começaria em setembro.