País perde 500 mil empregos em 2015
Com 64,3 mil postos de trabalho fechados pela indústria, redução de vagas formais em julho chega a 157,9 mil
Único setor que registra criação de vagas é a Agricultura, com 24,5 mil empregos gerados no mês passado
Em mais uma evidência da retração da atividade econômica, números divulgados nesta sexta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho mostraram que o mercado formal fechou 157,9 mil vagas de emprego em julho, no quarto mês seguido de queda.
Foi o pior desempenho do emprego com carteira assinada em julho da série, com início em 1992. O último ano em que havia sido registrada perda de vagas no mês foi em 1998, com o fechamento de 21,5 mil postos.
A indústria foi o setor da economia que mais fechou vagas no mês passado, tanto em números absolutos (64,3 mil postos) quanto em relação ao estoque de empregos no setor no final do mês anterior (-0,8%).
Todos os segmentos industriais sofreram retração de postos, com destaque para materiais elétricos, indústria mecânica e metalúrgica.
As empresas das áreas de serviços (-58 mil), comércio (-34,6 mil) e construção civil (-22 mil) também tiveram cortes expressivos, enquanto a agropecuária contratou mais do que demitiu (24,5 mil), por questões sazonais –o mês é tradicionalmente favorável para o setor por causa da safra de alguns produtos, como laranja e milho.
No ano, o país já perdeu um total de 494,4 mil vagas com carteira assinada. No mesmo período de 2014, foram criadas 681,5 mil vagas.
Essa mudança abrupta do saldo refletiu a redução do número de admissões –foram 11,3 milhões neste ano, ante 13,1 milhões no mesmo período do ano passado.
Em 12 meses, foi fechado um total de 778,7 mil vagas no país.
ASSUSTADOR
Em nota, a consultoria Rosenberg Associados classificou como assustador o desempenho do emprego revelado pelo Caged (cadastro do emprego formal). "A evidente deterioração do mercado de trabalho vai de vento em popa, aparentemente mais acelerada do que o esperado", afirmou.
NORDESTE LIDERA
A região Nordeste foi a que, proporcionalmente, mais perdeu empregos formais no ano, com o fechamento de 190,4 mil vagas, ou 2,8% do estoque da região no final de dezembro. Os piores desempenhos foram de Alagoas e Pernambuco.
O Sudeste perdeu 1,2% das vagas no período. O Estado de São Paulo respondeu pelo fechamento de pouco mais de 20% do total das vagas fechadas no ano (-110,8 mil).
O Centro-Oeste, que concentra produção de grãos, foi a única região com saldo positivo de empregos (0,89%).
Na quinta-feira, o IBGE informou que o desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país aumentou para 7,5% em julho, ante 6,9% no mês anterior, refletindo principalmente a elevação do número de pessoas que procuram ocupação.
O dado, que abarca o trabalho formal e o informal, é o mais elevado para o mês desde 2009.