Acordo cancela demissões da GM no Vale do Paraíba
Montadora cedeu na semana em que bancos públicos anunciaram recursos para o setor
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) e a General Motors chegaram a um acordo para o cancelamento das 798 demissões anunciadas no início deste mês pela montadora.
A proposta, que deve ser votada pelos trabalhadores na próxima segunda-feira (24), foi discutida em audiência no Tribunal Regional do Trabalho em Campinas (SP) nesta sexta (21).
Segundo o sindicato, o acordo prevê que os metalúrgicos que haviam sido demitidos entrem em lay-off (suspensão do contrato de trabalho) durante cinco meses. Ao retornar, se as demissões ainda forem necessárias, os funcionários receberão quatro salários como indenização.
Se o trabalhador preferir, poderá ser desligado antecipadamente, recebendo o valor relativo aos cinco meses de lay-off mais os quatro salários de indenização.
Segundo comunicado do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, a GM também abrirá um programa de demissão voluntária (PDV). As adesões deverão ser abatidas do número de funcionários que a empresa considera excedentes.
A GM demitiu os trabalhadores no dia 8, apesar do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), anunciado pelo governo federal. O plano permite redução de salários e jornada por um prazo de até um ano em troca da manutenção dos empregos e foi apontado como alternativa a demissões nos setores em crise.
O corte resultou em uma greve dos funcionários da fábrica de São José dos Campos. Os grevistas pediam o cancelamento das demissões.
A montadora, segundo o sindicato, comprometeu-se nesta sexta a não retaliar os funcionários que aderiram à greve. Os dias parados não serão descontados –metade será bancada pela GM e a outra metade será compensada pelos trabalhadores.
CRISE E SOCORRO
A crise no setor automotivo tem provocado demissões em toda a cadeia. Segundo estimativa do Ministério do Trabalho, os setores da economia ligados à indústria automobilística fecharam 38,7 mil postos de trabalho no primeiro semestre deste ano, o que corresponde a 11% do total de vagas encerradas no mercado formal no período.
De janeiro até julho, a produção do setor automotivo acumula queda de 18,1% ante o mesmo período do ano passado, o pior resultado desde 2006.
Nesta semana, Banco do Brasil e Caixa anunciaram a liberação de R$ 3,1 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente, para o setor automotivo. O Banco do Brasil antecipará valores a fornecedores de montadoras, enquanto a Caixa prometeu conceder crédito com juros menores a empresas que não demitirem.