Sob ataque, milícia recua em cidade síria
Bombardeios da coalizão liderada pelos EUA auxiliam curdos a manter controle de Kobani, na fronteira da Turquia Bomba
Comandante curda diz esperar que 'cidade seja liberada em breve'; autoridade pede envio de armas a combatentes
O Estado Islâmico (EI) foi expulso da maior parte da cidade síria-curda de Kobani, na fronteira da Turquia, disse na quinta-feira (16) a comandante curda Baharin Kandal à rede britânica BBC.
Segundo Kandal, ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA ajudaram a forçar o recuo dos militantes em todos as áreas da cidade, localizada no norte da Síria, com exceção de dois bolsões de resistência no leste.
"[Espero que] a cidade seja liberada em breve", afirmou a comandante.
O vice-chefe da comissão de relações internacionais de Kobani, Idriss Nassan, confirmou que as Unidades de Proteção do Povo (YPG), grupo curdo que defende a cidade, está obtendo avanços com o auxílio internacional.
"Antes, o EI controlava 30% de Kobani, mas agora controla menos de 20%, graças à coalizão internacional", disse Nassan.
Mas, apesar de até agora os combatentes curdos terem conseguido evitar que a cidade caia nas mãos dos militantes, o vice-chefe fez um apelo por armas.
"Pedimos à comunidade internacional a abertura de uma passagem humanitária para permitir a entrada de alimentos, remédios e armamentos", afirmou à Associated Press.
Para que o envio seja possível, as armas teriam de ser transportadas pela fronteira da Turquia -- ideia que o governo de Ancara provavelmente rejeitará.
À BBC, Kandal afirmou que seu grupo vem recebendo armas, suprimentos e combatentes. Ela, porém, recusou-se a explicar como.
TOTAL DE MORTOS
Lançada em meados setembro, a ofensiva do EI deixou ao menos 662 mortos, disse na quinta o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que monitora o conflito.
Segundo o levantamento da ONG, que não inclui as vítimas dos ataques aéreos, 374 militantes do EI morreram desde 16 de setembro.
Os radicais sunitas também provocaram a morte de 258 combatentes da YPG, de nove curdos alistados e de um voluntário.
O Observatório também registrou as mortes de 20 civis. A maior parte da população de Kobani fugiu para tentar buscar refúgio na Turquia.
MÉTODOS CRUÉIS
Com métodos como crucificação e decapitação de prisioneiros, o Estado Islâmico mudou o cenário do Oriente Médio recentemente, capturando áreas da Síria e do Iraque. Sunita, a facção exige a conversão de não muçulmanos e xiitas ameaçando-os de morte.